Paralimpíadas, jogos
paralímpicos, é assim que a emissora que transmite os jogos paraolímpicos
está grafando e falando. Ainda hoje, um locutor se corrigiu e usou a forma
esquisita. Logo me toquei, tem a ver com a reforma ortográfica.
Aqui deixo uma promessa para
você, amigo e leitor: _ Prometo jamais aceitar essa aberração e se alguma vez
escrever segundo esse novo códice ortográfico, por favor, ponha na conta de
meus incontáveis erros.
Para que precisávamos de uma
reforma ortográfica? Falou-se de um acordo ortográfico quando se começou a
discussão sobre o tema. A idéia era unificar o idioma. Para que? As diferenças
entre o português falado aqui e o falado em Portugal, não impedem a comunicação
entre os dois povos. Além do mais, assistindo a TV dos galegos, não vejo
nenhuma aceitação da tal reforma. Lá, grafa-se e fala-se como sempre.
O que é diferente na fala dos
dois povos é o que enriquece, é o que engrandece o idioma. Nada se perde, tudo
se soma.
O português falado no Brasil já
é língua. As duas formas (brasileira e portuguesa) já são reconhecidas pelo
mundo virtual. A idéia de reforma, unificação, ou que nome se queira dar,
apequena, reduz, enfeia. Cria monstrengos
O que deveria chamar a atenção
das autoridades que comandam a educação no país é o péssimo português falado
por toda espécie de engravatados que durante curtas entrevistas usam a
expressão “no sentido de” meia dúzia de vezes. E fazem isso ao pé de lindas
bibliotecas, dentro de pulcros laboratórios, diante dos bustos de doutos
mestres. Fala-se mal com ares de erudição. Mas você dirá, com razão, que pelo
menos o “objetivando” foi pra tumba junto com o “a nível de”. É verdade. Mas
por que trocar o sujo pelo mal lavado?
A educação no Brasil é um
desastre. Começando pelo ensino do idioma. E o que faz nosso ministro que
dormiu “ciência e tecnologia” e acordou “educação”? Bem, primeiro ele fala do
uso dos tablets como solução para não sei o que. Obviamente uma ressaca da
ciência e tecnologia. Depois propõem uma reforma no ensino médio que acabaria
com os professores especialistas e introduziria o professor generalista. As
matérias tradicionais seriam acopladas em áreas de conhecimento. Isso já foi
tentado quando o ensino primário foi juntado ao ginasial. O resultado foi o
fracasso e sete anos depois o governo teve de voltar atrás.
Hoje temos os primeiros quatro
anos do ensino fundamental com professores generalistas, como sempre foi, e o
restante do curso sendo ministrado por professores especialistas. No caso da
introdução da “reforma” proposta para o ensino médio, apenas os alunos das
quatro últimas séries do ensino básico teriam professores especialistas. Ou
não?
Como sabemos, a única coisa que
se aprende com a lição da história é que não se aprende nada com a lição da
história. E no Brasil dos últimos tempos, os erros são repetidos com um
entusiasmo de fazer inveja aos locutores esportivos.
Parece-me que a idéia central da
tal reforma, é formar profissionais que atendam a demanda do mercado. A cultura
seria jogada no lixo em nome da competitividade do país. A base de bajulação do
governo apóia com alegria e o que deveria ser a oposição, representa justamente
os setores industriais que desejam esse tipo de profissional.
Convencer os vagabas do ensino
médio que estudar menos matérias é o bicho, é fácil. Difícil será depois formar
um povo que valorize a cultura e o conhecimento.
Esse profissional técnico e mal
informado já existe entre nós. Há alguns meses atrás um conhecido meu, que é
uruguaio, foi ao médico e o “doutor” lhe perguntou se no Uruguai se falava
castelhano. Ou seja, basta dar uma mãozinha.
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