sexta-feira, 20 de maio de 2016

Temer não merece um processo como o de Dilma



Temer não deveria estar onde está. Disso todos (ou quase todos) sabemos. A imprensa internacional sabe, a OEA sabe, a ONU sabe, os artistas sabem, os intelectuais sabem, governos de vários países sabem, as pedras portuguesas de Copacabana sabem. Temer só ocupa indevidamente a presidência porque a Presidenta Dilma foi retirada do lugar por um dos mais torpes, pérfidos e mesquinhos golpes que os bandidos do país já deram. Para apeá-la do poder foi usada a falácia das pedaladas fiscais. Por uma questão meramente contábil faz-se contra ela um processo de impeachment.
Agora, muita gente quer ver o presidente fajuto, Michel Temer, ser julgado pelo mesmo procedimento contábil e sofrer também um processo de impeachment. Seria justo, dizem.
Eu penso que submeter Temer a um processo de impeachment e vê-lo deixar o posto que usurpou por essa via seria anuir com o que foi feito a Dilma. Não há crime de responsabilidade nas pedaladas. E se não há a transparência que deveria haver em tais procedimentos não é, obviamente, caso para a destituição de um presidente. Uma censura seria o suficiente.
Tal como Dilma e Temer, vários governadores pedalaram e paras eles também pede-se abertura de processo e revogação de seus mandatos. Tampouco é o caso.
Temer não merece sofrer o mesmo que Dilma. Não é digno disso. O presidente fajuto deve deixar o Planalto escorraçado, varrido junto com o lixo que levou para lá.



domingo, 15 de maio de 2016

Menos salário, menos dízimo





Pastores e bispos de araque estão aos pulinhos e gritinhos de felicidade pelo novo governo. Não é pra menos. O novo ministro da educação recebeu a psicóloga cristã que "cura" gays e a tranquilizou dizendo que o ministério agora é do DEM e não haverá espaço para questões de gênero nas escolas. O ministro da saúde disse que é só ter fé que o câncer vai embora. Na Ciência e Tecnologia, a Igreja Universal dispensou intermediários e emplacou seu próprio ministro. O presidente interino foi abençoado por Malafaia tão logo tomou posse. Os bispos da bancada evangélica se sentem no poder.
Mas parece que na embriaguez do contentamento, Suas Excelências Reverendíssimas não perceberam que na área "técnica" do governo há ministros que pregam o arrocho dos salários, o fim do bolsa família, da farmácia popular e de outros benefícios. Se todas as promessa feitas à Fiesp e outros financiadores do golpe forem cumpridas, a grana fácil do dízimo vai despencar junto com os proventos dos crentes. 
Waldemiro Santiago, o inventor do dízimo dobrado e do trízimo, vai ter que bolar outra, pois daqui a pouco ninguém vai poder mais comprar as toalhinhas, fronhas, meias, tijolos, vassouras e outros imprescindíveis objetos abençoados. Malafaia, que já criou o dízimo sobre o aluguel para quem sonha com a casa própria, certamente não vai mais ganhar tanto com a venda de sua extensa produção literária. Edir Macedo deverá baixar o preço da água santa da torneira e Paulo Duque o do óleo Soya de Israel se quiserem manter a freguesia. Muitas assinaturas da TV por satélite de R.R Soares serão canceladas e os crentes voltarão a gostar dos beijos e chupões da novela da Globo. Feliciânus vai arrepiar a chapinha ao ver suas máquinas de cartão de crédito inoperantes e todos podem ir dizendo adeus às "ofertas" de mil reais. Quem ainda não tem seu mega templo vai ter de adiar os planos de construção. Até mesmo a compra de um novo jatinho deverá ficar pra depois de 2018. Pode ser que perca menos aquele que fizer a melhor promoção. Carnês com prestações de 1,99 para pequenos milagres é uma saída. O importante será não perder o cliente para a concorrência, cada dia maior e mais descarada.
Para quem vive da aflição e do desespero humanos, os novos tempos podem ser menos prósperos. Os aflitos e desesperados continuarão buscando as igrejas neopentecostais, talvez até em maior número, mas serão aflitos e desesperados duros.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Bateram nossa carteira





            Os códigos legais punem com mais rigor o roubo que o furto. Me parece lógico, afinal num roubo, num assalto a mão armada, por exemplo, há sempre o risco de morte da vítima. Num furto tal risco. a princípio, é menor ou inexiste. No roubo há a violência, física ou psicológica. No furto só frustração e vergonha.
            Talvez a única coisa que seja menos cruel no roubo, no assalto a mão armada, é que o que rouba tem uma face, um rosto para que odiemos. Se somos furtados ao percebermos a perda do valor, do objeto, algum tempo já se passou e sentimos raiva de nós mesmos, de nosso descuido, de nossa pouca percepção do perigo. É possível que um arrepio nos percorra a espinha ao pensarmos que poderíamos ter-nos dado conta do furto e reagido pelo susto sem saber qual seria a reação do ladrão ao ser flagrado.
            Socialmente, o fato de termos sido roubados nos trás simpatias, solidariedade e até empatia quando contamos o acontecido. No relato podemos acrescentar um ar de facínora ao assaltante, nossa calma diante da arma apontada, nosso desejo de encontrá-lo a sós e desarmado. Geralmente nos saímos bem quando narramos. Mas se contamos de uma carteira batida, de um casaco sumido quase que diante de nossos olhos, já não encontramos solidariedade dos que nos ouvem, mas sim reproches e reprimendas. Dirão que sempre fomos assim: uns descuidados. O furto nos envergonha, nos diminui. No assalto somos uma vítima da violência urbana, dos tempos que vivemos, da impunidade que campeia. Se furtados, somos tolos.
            O golpe que tirou a Presidenta Dilma de seu cargo mais se assemelha a um furto que a um roubo. Não nos mostraram a arma que nos tiraria a vida se reagíssemos. Não nos ameaçaram. Não há um rosto único e inconfundível para odiarmos. Tal qual o furto que ocorre dentro do ônibus lotado ou na calçada apinhada, tentamos nos recordar de alguma fisionomia da qual deveríamos ter suspeitado e não a achamos. Quem sabe se o golpe fosse dado ao velho estilo da quartelada, com tanques nas ruas e congresso fechado, sentiríamos menos vergonha.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Maranhão e suas doze horas de herói





            Primeiro foram os paneleiros com seus cartazes "somos milhões de Cunhas" e outras barbaridades. Depois foi a vez dos governistas pirarem.
            Já tinha gente nas redes sociais cantando loas para Waldir Maranhão. Falavam de sua coragem por ter votado contra o impeachment da Presidenta Dilma. Ignoravam, claro, que naquele voto não havia nada de coragem, mas apenas barganha política: Maranhão trocou seu voto por apoio petista para sua candidatura ao senado. Imagino que nem todos tiveram acesso a essa informação pouco noticiada, mas todos sabiam da extensa capivara do deputado que é réu em duas ações no STF por ocultação de bens e lavagem de dinheiro além de ter sido citado nominalmente na operação Lava-jato como recebedor de propina mensal. Contra ele também corre processo ajuizado pelo Ministério Público Eleitoral do Maranhão por capitação ilícita de recursos de campanha. Suas contas de campanha foram rejeitadas pelo TRE do Maranhão em 2010. Maranhão já teve veículo de luxo apreendido para honrar dívida com uma gráfica. Nesse episódio, o deputado fez um acordo de pagamento e descumpriu. Quando a justiça foi atrás de algum recurso para bloquear nada encontrou no sistema bancário em seu nome. Há mais, muito mais.          
            Também é público que Maranhão ocupa a secretaria da Câmara por obra e graça de Cunha a quem tratou de mostrar gratidão no Conselho de Ética, restringindo o foco das investigações à questão das contas suíças. Ainda assim, quando anulou a sessão da Câmara que votou pela abertura do processo de impeachment da presidenta, foi aclamado pelos petista. Chamaram-no de verdadeiro democrata, de cabra macho, de patriota. Na noite de segunda-feira, militantes e simpatizantes do PT foram para as ruas saudar seu novo herói.
            Mas a festa durou pouco. Menos de 12 horas depois de ter assinado o documento que invalidava a sessão circense da Câmara e que este fosse publicado no diário oficial da casa, Maranhão voltou atrás e em novo documento desfez o que não fizera. Não sei se a notícia do recuo de Maranhão alcançou os que festejavam na Avenida Paulista e em outros locais país a fora. Se isso aconteceu, deve ter sido engraçado.
            Hoje, as opiniões dos petistas sobre Maranhão já não são as de 48 horas atrás. Chamam-no de covarde, traidor e falam das pressões que sofreu dos golpistas. Talvez agora se lembrem de sua ficha suja, dos processos a que responde, das irregularidades de que é acusado. Não creio que aprendam algo com o episódio, afinal nem o mensalão serviu de lição para o PT e seus militantes.
            Falar da coragem ou da covardia de Maranhão é só mais um equívoco que cometem os petistas. Maranhão é um oportunista profissional, nada mais. Já foi secretário de Roseana Sarney e hoje é aliado de Flávio Dino, inimigo figadal dos Sarney. Para ele é tão fácil mudar de posição como mudar de camisa.
            Muitos dos problemas que o PT enfrenta agora são advindos das alianças espúrias que pactuou desde que chegou ao poder. Mas eles seguem na mesma toada buscando apoio no lixo da política brasileira Comprar políticos também não se mostrou um bom negócio para o partido como bem demonstrou o caso do mensalão, mas eles não aprendem. Não aprendem mesmo.
         
         

Discurso pronto do novo governo





O discurso desse governo de fato que está por instalar-se já está pronto. Nos próximos meses e até a próxima eleição será dito que o fracasso dos novos governantes se deve à herança petista que quebrou o país dando bolsa família e aumentando demais o salário mínimo. 
A cada direito retirado, a cada entrega das riquezas do país para o grande capital será repetida a ladainha por bonecos de ventríloquo no horário nobre das TVs.Tudo se justificará pela corrupção petista que quebrou o país Sacrifícios serão pedidos à população para que o lucro do capital especulativo siga seu crescimento. Dirão que o futuro será melhor tão logo passem os tempos de recuperação. Não mais veremos números comparativos nos noticiários da TV nem nas revistas semanais. Cada subida da bolsa de valores será comemorada como uma conquista esportiva. O preço dos serviços públicos subirão vertiginosamente e será dito que estavam represados pela demagogia dos governos anteriores.  
Paneleiros e outros retardados rirão satisfeitos por algum tempo por poderem explorar melhor suas empregadas domésticas e por não terem de compartir os saguões dos aeroportos com pobres e nordestinos nem as universidades com negros e índios. Isso até que lhes toque pagar a conta dos banqueiros, dos financistas, dos latifundiários e dos exportadores O sorriso idiota certamente desaparecerá de suas bocas, mas seguirão acreditando que tudo é culpa do governo dos comunistas bolivarianos que dava comida para vagabundos e não os esterilizava ou matava de uma vez.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O festim dos tolos





Muito triste ver que o país fará um dos maiores retrocessos de sua história. 
É decepcionante saber que as conquistas sociais dos últimos anos serão aniquiladas pelos interesses de grupos econômicos que não abrem mão de seus lucros imorais nem de seus privilégios indecentes. 
Dá uma enorme angustia pensar que os mais frágeis, os mais pobres, os mais discriminados serão as vítimas preferenciais desse processo. 
Provoca vergonha a entrega de nossas riquezas e nossa dignidade à sanha dos interesses estrangeiros.
Chega a ser constrangedor ver como grande parcela de nossa população pode ser facilmente enganada pela mais grosseira das manipulações da imprensa.
Mas, talvez, o que mais entristeça, o que mais envergonhe, o que mais constranja seja o fato de termos de assistir a subida ao poder dos imbecis. Nulidades sendo ungidas pela imprensa hegemônica e ganhando status de celebridade política. Boçais, energúmenos e palhaços tomando o espaço que deveria ser do pensamento, da crítica e do conhecimento. A votação da admissão do processo de impeachment na Câmara foi uma amostra, uma pálida amostra, do que virá por aí.
Paneleiros e bombadões festejam.