No Brasil temos a cantora mais
bonita do mundo. Não da atualidade ou da música popular. Temos a cantora mais
bonita do mundo em todos os tempos e estilos. Minha única dúvida quando faço
tal afirmação vem do fato de eu não conhecer muitas divas do canto lírico. Já
vi uma soprano russa que é um negócio, mas mesmo assim fico com a brasileira.
Fazendo as contas tento mensurar sua idade. Quando me casei, em 84, ela estava fazendo sucesso. Se tivesse 17 anos
naqueles tempos, hoje teria 44. Nos nossos dias uma mulher dessa idade
corresponde à mulher de 30 anos dos tempos de Balzac. E ganham nossas
contemporâneas em vivência e frescor.
Sei que é uma grosseria falar da
idade das damas. Nelson Rodrigues já nos dizia que quem estivesse na cama com
Cleópatra ou Madame Pompadour, jamais se lembraria de perguntar sua idade. Se
tomo tal liberdade é porque para mim os anos servem de adorno, quando de mulher
bonita se trata. Alem do mais, nunca fui para a cama com Paula Toller, mas
infelizmente, não posso provar isso.
Roseana Sarney já é avó. Avó de
neto grande. Sei disso porque da última vez que a herdeira política do clã
Sarney foi notícia, esta tratava de um acidente que a governadora sofrera ao
cair do skate do neto.
O poeta Ferreira Gullar a chamou
de anjo quando teve seu nome dado a uma rua de São Luís pela então prefeita
Roseana. Pode parecer que o poeta se referia ao fato de que só por intervenção
divina ou ação de um anjo, uma rua da capital maranhense já não tivesse sido
batizada com o sobrenome do clã que domina, desde os tempos das caravelas,
aquele estado. Mas não. Acontece que o vate deixou-se inebriar pelo discreto
charme que só algumas poderosas de direita têm.
Mas o que distingue a filha
dileta do último coronel, das outras? O cabelo liso e negro que lhe emoldura o
rosto? O gesticular pausado e enérgico?
Não. Sem sombra de dúvida é o corte trágico da boca. Sem que a tragédia tenha se abatido sobre o
ditoso clã, ela trás do berço algo de Medéia, de Antígona. Roseana parece estar
sempre mais perto do choro que do sorriso. E quando sorri é como se estivesse
nos presenteando com algo raro. Algo assim como uma dádiva.
Anos atrás, quando sua
pré-candidatura à presidência foi abortada por um escândalo de captação de
recursos de campanha fora dos prazos estipulados e a origem da grana encontrada
em sua propriedade era suspeita, o cineasta Arnaldo Jabour, comentando o
episódio, disse que o pecado de Roseana era ter casado com o homem errado.
Ainda que saibamos que Jabour faz análises muito confusas sobre tudo que lhe
aparece pela frente, nesse caso creio que ele foi iludido pelo sorriso triste
da herdeira. Achar que Roseana, cobra criada no sertão, não seja dona e senhora
de seus passos, só tendo a vista turvada mais que o habitual.
Inteligente, gostosinha, entende
de futebol e fuma maconha. A mulher ideal? Talvez. Se não fosse a política.
Nada tenho contra quem se dedica
a fazer leis e fiscalizar o executivo. Pelo contrário. Quem faz isso bem,
merece todos os elogios pois alem de suas tarefas, ainda tem de conviver com a
estupidez e ganância desmedidas dos outros políticos.
Quando entrou na vida pública,
Soninha levou para o parlamento paulistano um pouco de frescor. Via-se nela
algo diferente dos políticos tradicionais. Passou o tempo e hoje Sônia Francini
é uma política tão tradicional como qualquer outro. Tem como aliados, Serra,
Alkimim e Kassab.
A última vez que soube dela foi
por ocasião do lançamento do livro de Amaury Ribeiro Jr, sobre a privataria
tucana. Mas ela não comentava o livro e sim fazia revelações sobre seu tempo
nas fileiras do PT. Dizia a musa futebolística, que quando era vereadora, seu
partido de então cobrava caixinha dos funcionários dos gabinetes. Só não
explicou porque não falara nada no momento e nem depois que saiu do PT, fato
acontecido anos atrás. Soninha fez assim sua entrada, nada triunfante, na
operação cortina de fumaça.
Durante a campanha eleitoral ela
escrevera em seu blog que a imprensa andava privilegiando a candidatura de
Dilma em detrimento de Serra e Marina Silva. Citava uma edição do Correio
Brasiliense para justificar sua afirmação. Mas só alguém que não lesse outra
coisa alem de seu blog, poderia acreditar em tal coisa. Soninha estava
subestimando nossa capacidade de ver o óbvio.
Ela continua inteligente. Sempre que ouço suas
opiniões em reportagens ou documentários, sou surpreendido com sua visão
aguçada e nada convencional. Também segue gostosinha e suas fotos nua para uma
revista, não me deixam mentir. Se ainda fuma um, eu não sei. Ela afirma que não.
Mas o mais importante é que, uma vez aprendida, ninguém esquece da regra do
impedimento.
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