terça-feira, 30 de maio de 2017

Pesadelo's Bar





Ambiente familiar
alegre e descontraído
Atendimento personalizado
Barman show
Happy hour
Musica ao vivo
com o melhor de Renato Russo
na voz de Annalise
No cardápio
pastel de brócolis, sopa vegana e panqueca de berinjela
sorvete de açaí
café expresso com creme e canela
caipirinha de frutas vermelhas
e a melhor cerveja artesanal
Promoção de guacamole
no dia do amigo
Desconto de 10% para fantasiados
no Halloween
Aberto todos os dias
das seis às dez e meia.
Reservas para aniversários e encontros corporativos.





terça-feira, 23 de maio de 2017

O romântico do São João Barista





Ele andou pelas ruas de Copacabana
com aquele buquê enorme
eram rosas brancas e amarelas
e mais umas florzinhas miúdas

Da Miguel Lemos até o túnel velho
parou em muitos botequins
comprou cigarros, bebeu conhaque
tomou cerveja para refrescar

Levava seu terno branco
e uma flor na lapela
ele também uma parte do buquê
com seu sorriso sério

Quem o viu passar
pensou num incorrigível romântico
daqueles que às duas da tarde
levam flores para a amada

Cruzou o túnel sem pensar nas flores
apenas aspirando o odor a mijo e umidade
o bafo quente e o barulho dos carros
arrefecendo-lhe os passos

Chegou ao São João Batista
percorreu as alamedas contemplando
a última morada dos ricos
e atirou as flores sobre um túmulo qualquer.

Diante da morte
Ele não fazia discriminações



quinta-feira, 4 de maio de 2017

Paixão





            Um amigo do facebook que gosta de saber o que os outros pensam e fazem, perguntou se seus amigos virtuais estavam apaixonados. Numa das respostas uma moça disse que sim e que estava odiando isso.
            Ontem, também no facebook, havia uma dessas ilustrações que querem ser cômicas em que outra moça debaixo do chuveiro dizia que estava apaixonada e perguntava ansiosa se isso saía no banho. Muitas outras manifestações com esse mesmo teor vieram parar na minha página da rede social. 
            Confesso que não entendo o que se passa com essa gente.Não consigo lembrar de um momento feliz de minha vida em que não estivesse apaixonado. Mesmo que algumas dessas paixões não fossem correspondidas, o fato de me sentir apaixonado por alguém é o que dava sentido às coisas, à vida
            Mas houve ocasiões em que minha paixão encontrava eco e espelho e uma moça também estava apaixonada por mim e então a paixão era a felicidade, a alegria. (Ela sorrindo ao me ver, ainda do outro lado da calçada e meu coração aos pulos dizendo coisas que instantes depois eram traduzidas pelos beijos). Nesses dias a vida tinha razão.
            Por que será que hoje em dia a paixão causa tanto medo e repulsa? Será que os que assim se manifestam nunca se apaixonaram de verdade e nem sabem do que estão falando? Como alguém pode querer viver o marasmo de uma vida sem paixão? Coisas do mundo líquido?




quarta-feira, 3 de maio de 2017

A feiticeira.





            Viajei na maionese. (Será que alguém ainda fala isso?). Quando soube da condecoração de Luciano Huck pelas forças armadas me pus a pensar o que teria motivado nossos generais, brigadeiros e almirantes a concederem a honraria ao apresentador de TV. Que serviços teria prestado Luciano  à pátria? Seria o programa que dá coisas para pessoas despossuídas? Seria sua posição política favorável ao golpe? Acho que não. Luciano foi agraciado com a medalha do mérito militar por suas criações artísticas e culturais. Sim, afinal foi ele que introduziu no imaginário dos anos 90 as figuras da Tiazinha e da Feiticeira e a cultura brasileira nunca mais foi a mesma.
            Mas minha viagem à maionese mesmo foi quando, tangido pela curiosidade e algo mais, fui visitar as fotos das musas. Descobri que a moça que personificava a Tiazinha teve umas questões mal resolvidas com a personagem, mas depois se reconciliou com o passado e que a Feiticeira virou evangélica.
            No meio das fotos em que se vê a Feiticeira do Huck mostrando a exuberância de sua bunda que agora é uma bunda de Cristo, há também várias imagens de Elizabeth Montgomery, a feiticeira da série de TV dos anos 60. Nunca me canso de ver aquele rostinho. Montgomery me parece linda, encantadora, apaixonante.
            Uma das notícias associadas a ela nos conta que cogita-se a volta do seriado. Não o original, mas sim uma nova montagem. Claro, o espírito do seriado talvez não mais se coadune com os dias de hoje.Não nos esqueçamos que o marido de Samantha não consentia que ela usasse de feitiçaria para ajudá-lo nos negócios de publicidade da agência Lary e Tate. E ela.que como boa dona de casa americana daqueles anos, não trabalhava fora, fazia seu trabalho doméstico como qualquer mortal. Só às vezes usava de seus poderes para dar uma arrumadinha quando algo saia do controle.
            Será que o marido de Samantha com seus pruridos seria aceito pelo público de hoje? Creio que não. Vivemos tempos líquidos. Líquidos e sem vergonhas.




Avaro





Não  devolverei as cartas de amor
que nunca trocamos
tampouco a foto que me deste
e que rasguei na esperança de esquecer-te 

Não devolverei os raios de sol
que puseste em meu caminho
e que agora são minha única luz
(deles necessito para viver)

Não devolverei os sorrisos
nem as palavras que ainda escuto
no doce som de tua voz
(minha música, canção de ninar saudade)

Não devolverei um só minuto
por pura avareza de felicidade
nem as alegrias infinitas que havia
em cada instante que passei ao teu lado

Não devolverei o cheiro de mar
que vinha dos teus cabelos
e muito menos o mar imenso do teu amor
que eu não soube atravessar.