segunda-feira, 31 de agosto de 2020

 


Gostaria de ter filmado minha vida.

 só os momentos bons

.Teria dado um belo curta metragem

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O dono da Havan






          Sobre ele poderia-se dizer qualquer coisa segundo suas aparições nos meios de comunicação: o idiota da Havan, o cretino da Havan, o ridículo da Havan, o patético da Havan, etc. Sem embargo, preferem chama-lo  de o "velho da Havan", ou melhor: o "véio da Havan".
          Confesso que ao ouvir ou ler "véio", "muié" ou "muierada" me dá um troço. Acho horrível. Não consigo seguir lendo um texto que assim se manifesta  e meus ouvidos se fecham quando ouço a locução. Sei que isso vai parecer preconceito linguístico. E é. Também sei que o preconceito linguístico é o maior óbice  do Brasil atual.
          Mas o real problema é que os que chamam o cara da Havan de "véio" como se isso fosse a pior das ofensas, são os mesmos que criticam o governo pelo seu descaso para com os velhos, principalmente hoje quando a pandemia promete , com a ajuda de Bolsonaro e a caterva que o cerca, exterminar os mais idosos.
          Eu não sou da Havan nem sou "véio". Sou velho, quero continuar vivo e quero respeito. De todo mundo.
          

terça-feira, 12 de maio de 2020

O pão nosso





Dá-me de comer o prato de lentilhas de Esaú
a meia maçã de Eva
o pão nosso de cada dia
que o diabo amassou com a bunda

Dá-me de beber o que resta nesse cálice
ou a última gota da água
que um dia eu disse
que não beberia

Dá-me a marvada pinga
la mala leche

Só não me venha
com sushi
e caipirinha de frutas vermelhas

Pobre de direita, negro de direita






          Eu era jovem e pobre. Muito diferente de hoje: agora eu sou velho e pobre. Naqueles dias de juventude entrei em contato com a literatura de esquerda e encontrei nela muitas respostas para as perguntas que então me fazia.
          Eram os tempos da ditadura e a maioria das pessoas que conhecia também transitavam pela canhota. A impressão que eu tinha era de que todo mundo ou era de esquerda ou estava alienado.
          Mas suponhamos que em vez de ter encontrado Marx. Lenin ou Trotsky eu tivesse me deparado com os filósofos liberais ou com os empirista que os antecederam. Também em Locke, Hume e Adam Smith se encontram respostas. Certamente eu teria me entusiasmado com a ideia das liberdades individuais, da igualdade de oportunidades e coisas que tais. É possível que as propostas econômicas dos liberais entrassem em mim por contrabando junto com tantas boas argumentações sobre a liberdade de expressão e pensamento de que vivíamos tão carentes naqueles tempos.
          Isso não se deu, mas bem que poderia ter-se dado.
          Hoje, isso parece ser impossível. Pelo menos para muita gente que deixa sua opinião nas redes sociais. Pensar que um jovem pobre possa ser um liberal. ainda que um social-liberal, é algo incompreensível para muitos. O termo "pobre de direita" só é usado quando precedido do deboche. O deboche é maior quando o pobre em questão é negro. Neste caso, ao escárnio somam-se os epítetos "capitão do mato". analfabeto político e outros da mesma categoria.
          Para aqueles comentadores virtuas (entre eles muita gente que admiro e estimo) somente os brancos e "bem nascidos" podem ter opções. Para o pobre e para o negro só há um caminho a seguir: o da esquerda, Ainda que a esquerda seja comandada por brancos ricos ou remediados que só teoricamente conhecem a realidade de pobres e negros. Parece que ninguém da esquerda militante virtual cogita a ideia de que uma pessoa pobre e negra possa ter lido um pensador liberal e se entusiasmado com seu discurso.Por que isso acontece? A reposta me parece simples: preconceito. Preconceito racial e de classe. Preconceito introjetado por séculos de privilégios.Preconceito quanto à capacidade intelectual de pobres e negros. Preconceito que, muitas vezes, nem é percebido por quem o pratica.