domingo, 2 de agosto de 2015

Os frentistas comunistas e o astrólogo



O Brasil há que reconhecer, perdeu o juízo. Não sei se algum dia teve, mas definitivamente perdeu o juízo.  E não são apenas os políticos e os cidadãos, as donas de casa e os latifundiários, os intelectuais e os bicheiros. Não, até os paralelepípedos  das ruas e as pedras portuguesas das calçadas parecem ter perdido o senso.
Não passa dia sem que milhares de usuários da redes sociais e sítios informativos chamem o governo de comunista. Mesmo que todas as medidas tomadas, todos os fundamentos da economia, todos os membros do gabinete de ministros emanem o inconfundível fartum neoliberal, alguns de nossos concidadãos acusam a presidenta de ser comunista e, através do Fórum de São Paulo, orquestrar a tomada do poder pelas armas.
Segundo esses especialistas em tramas vermelhas e outras senvergonhices  os agentes do comunismo já se infiltraram no país disfarçados de médicos cubanos e imigrantes haitianos. Enquanto aguardam ordens para o levante armado os agentes trabalham como frentistas e atendem pacientes do SUS. Os americanos, que bisbilhotam até o que colocamos na sopa, devem estar perplexos com essa nova guerra fria que só existe aqui.
Mas o que melhor demonstra o grau de maluquice a que chegamos é que a atual direita brasileira quando tenta se informar sobre os acontecimentos políticos consulta um astrólogo. Pois é, um astrólogo. Entre um mapa astral e outro, Olavo de Carvalho usa de seu vocabulário chulo para falar de política. E há quem o escute e até o cite. Claro que ninguém o lê, mas seus livros de filosofia, política e astrologia vendem bem e adornam as estantes dos cidadãos de bem.
Nem nos piores tempos da ditadura e do obscurantismo a alguém lhe ocorria consultar o Omar Cardoso sobre as questões administrativas ou questionar a Zora Yonara sobre as votações do congresso. Era cada um no seu quadrado.


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