sexta-feira, 25 de abril de 2014

A morte de Lucas Lima

Recentemente tivemos o caso do assassinato do garoto que era um dos promotores dos rolezinhos. Sem nenhum pudor, sua morte foi comemorada nas redes sociais e nos sítios informativos. Sem que nenhum crime lhe fosse imputado, Lucas Lima  foi chamado de marginal, de bandido. O rapaz de apenas 18 anos, morto numa briga, supostamente por estar paquerando uma menina que estava acompanhada, era o líder de um movimento social, pois disso se trata o rolezinho: um movimento social. Movimento tão importante quanto as manifestações que em meados do ano passado tomaram as ruas do país. Mas com uma grande diferença: seus protagonistas não provêem da classe média, não são universitários. O pessoal do rolezinho, diferentemente dos manifestantes de junho, não foi mimado pela imprensa de direita que via nas manifestações de rua uma maneira de atacar o governo.
Depois que as manifestações tomaram rumos diferentes e se mostraram mais genéricas, criticando inclusive a imprensa e os políticos em geral, e não só o governo, os meios de desinformação começaram a tratá-las como coisa de baderneiros e vândalos. Sem, é claro, deixar de fazer oportunas ressalvas para uso futuro.
O rolezinho sempre foi tratado como coisa de baderneiros e desocupados, tanto pela imprensa como pela população racista e segregacionista. Ou seja, pela ampla maioria da classe média e dos novos emergentes. Nas redes sociais, os freqüentadores dos shoppings queriam que os meninos da periferia fizessem rolezinhos nas bibliotecas e museus. De repente, gente que jamais folheou um livro e nem sabe o endereço de um museu, virou difusora cultural. Depois de cada ato de rebeldia e inconformismo daqueles que querem romper com a segregação, as TVs mostravam entrevistas com lojistas e comerciários indignados com a ação dos jovens e não com a segregação em si, imposta pelos administradores de shoppings.
O ódio externado nas manifestações contra Lucas Lima, seria algo inexplicável se já não estivéssemos nos acostumando com esse novo perfil do brasileiro médio tão longe do homem cordial de tempos atrás.

Esse novo brasileiro, adepto dos linchamentos e da tortura, vem sendo forjado pelos noticiários policialescos e pelos políticos oportunistas e demagogos. O país afunda na boçalidade e abre caminho para qualquer tentativa autoritária que se dispuser a tomar o poder. 

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