Mais uma vez,
pela enésima vez, um racista que freqüenta estádios de futebol atirou uma banana contra um jogador. E o que fez o jogador atingido pelo ato infame?
Retirou-se do gramado? Exortou seus companheiros a segui-lo? Deu uma entrevista
coletiva para protestar publicamente? Não. Daniel Alves, o atleta em questão, comeu
a banana. Foi um ato tolo, ingênuo, mas que desencadeou uma série de torpezas
mundo afora.
O jornal El País, da Espanha, estampou em sua edição eletrônica que Daniel Alves havia enfrentado o racismo. Se El País tivesse
prestado atenção à entrevista que o jogador concedeu aos meios de comunicação
espanhóis (incluindo El Pais) após o jogo, saberia que o jogador não enfrentou
nada, pelo contrário. Daniel Alves disse que depois de 4 ou 5 anos na Espanha
já se acostumou a isso e não há nada que se possa fazer a respeito. Que o
negócio é rir desse tipo de acontecimento.
O Villareal,
clube dono da cancha onde ocorreu o episódio, divulgou nota oficial na qual
afirma que o torcedor racista havia sido identificado e estava proibido de
freqüentar aquela praça esportiva para todo o sempre. Bastou a notinha do clube,
que abriga a torcida “Coletivo Aldeano”, conhecida por sua ideologia nazista,
para que a imprensa brasileira e os comentadores das redes sociais e sítios
informativos ligassem o botão da submissão cultural e seu próprio racismo e
começassem a falar da superioridade dos europeus que, diferente de nós, punem
exemplarmente esses atos de racismo e xenofobia. Ora, nada mais falso, nada
mais falacioso.
Ainda que
fôssemos crer que o clube espanhol fale sério, como seria cumprida a punição?
Através de fotos do infrator espalhadas pelas bilheterias e acessos do estádio
alertando porteiros e vigilantes? Com a
identificação biométrica? Quem pode atestar que tal punição será cumprida?
Claro, é só um jogo de cena do clube assim como também é jogo de cena as multas
aplicadas aos clubes, cujos torcedores racistas manifestam sua ideologia nos estádios de
futebol da Europa. O Milan já foi multado em 2 mil euros quando episódio
semelhante ocorreu em suas tribunas. A multa imposta ao clube italiano me fez
lembrar de um juiz americano que julgou um processo por assédio sexual em uma
boate impetrado por uma moça. O processado era Mike Tyson e a moça queria uma
indenização pecuniária. Era óbvio oportunismo tentando explorar a má fama do pugilista.
O magistrado deu ganho de causa a ela e estipulou a indenização em 1 (um)
dólar. Com isso, o meretíssimo condenou
a atitude de Tyson mas, deixou claro quanto valia a honra da vítima. O tribunal
italiano ao fixar uma ínfima merreca como multa, deixou mais claro ainda que não
dava a menor importância ao fato de
jogarem bananas sobre os atletas negros.
Recentemente, o Borússia, teve parte de sua arquibancada
(apenas uma parte) interditada por um jogo (um jogo e nada mais) após sua
torcida ter exibido uma faixa com dizeres homofóbicos num jogo contra o Arsenal
pela atual liga dos campeões. Multas de 20 mil euros ( dinheiro de pinga no
mundo do futebol) também já foram aplicadas por atos racistas na Espanha.
Mesmo com um
histórico recheado de casos de racismo,
dirigentes do Villareal e até mesmo Vicente Del Bosque, treinador da seleção
espanhola, insistem que se trata de atos isolados. Del Bosque foi enfático ao
afirmar: _”Não existe racismo no futebol”. De certo, o treinador da ex-fúria
esqueceu que seu antecessor no comando daquela seleção, Luis Aragonês, foi
flagrado motivando seu jogador, Reyes, com a frase:_”Você é melhor que aquele
negro de merda”.Aragones se referia a Henry, companheiro de Reyes no Arsenal naqueles dias.
Depois do flagrante, Aragones negou que fosse racista e seguiu treinando a
seleção espanhola até o fracasso no mundial de 2006.
Mas no caso da
banana de Daniel Alves, o pior estava por vir e teve como protagonistas os
brasileiros.
Neymar, apareceu
nas redes sociais comendo uma banana ao lado do filho. Aí já não era o gesto
tolo, ingênuo, porém espontâneo, de Daniel Alves. Foi um lance de exaltação da “marca”
Neymar promovido por uma empresa de propaganda. E mesmo sabendo que disso se
trata, de um bomocismo parido a fórceps, muitos aderiram ao gesto de comer públicas
bananas ao invés do petit gateau de costume e poucas horas depois, Luciano Huck (que também apareceu seríssimo ao lado de sua seríssima esposa com uma banana na mão),
já comercializava a camiseta com os dizeres que Neymar publicou junto com a
foto de sua degustação de bananas: ”Somos todos macacos”. O oportunismo do
craque e do empresário deveria ter chocado meio mundo, mas não. Assim como a
demagogia do clube espanhol, vai sendo elogiado pela imprensa obtusa e
xenófila. E não faltam teses falando de gesto antropofágico de Daniel Alves e o
escambau.
A negação do
racismo na sociedade espanhola, a frase estúpida de Neymar e a postura cínica
de Daniel Alves, dão mais oxigênio para a continuação das manifestações
racistas, tanto na Europa como aqui.
Quando o Zidan foi insultado por um adversario, em plena copa, e deulhe um cabesaco, a midia fez o que ? e o publico entendeu o que ? salvando as diferencas entre os dois fatos o ato a DA foi publico, o ato a Zidan individual
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