segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Junho acabou em outubro



Depois de abertas as urnas constatou-se o tamanho do conservadorismo dos eleitores brasileiros. É certo que os evangélicos não conseguiram ampliar sua bancada como imaginaram, mas isso foi devido, creio, à sua própria incompetência.
Os pastores, que estavam divididos por todos os partidos, como candidatos ou apoiadores, atiraram para todos os lados e pouco acertaram. Um exemplo dessa falta de estratégia, foi a postura de Malafaia que apoiava Everaldo, passou pelo colo da irmã Marina e agora está com Aécio.
Outro motivo da votação aquém das expectativas dos pastores e bispos de araque foi a apropriação do discurso homofóbico, moralista e fanático por outros candidatos não afiliados às seitas. A prova disso foi Levy Fidélix, que conseguiu superar Everaldo no quesito escrotidão durante os debates dos candidatos à presidência.
Os eleitores também acharam de dar voz nos legislativos estaduais e no Congresso Nacional aos representantes da bancada da bala. Policiais, ex-policiais civis e militares e outros aprendizes de Bolsonaro, se elegeram aos montes. O discurso do homem de bem, do bandido bom é bandido morto, do rebaixamento da idade penal e até da pena de morte, fez nas urnas o mesmo sucesso que faz nos programas policialescos da TV.
Entre os latifundiários também há motivos para comemorações. Todos os representantes das capitanias hereditárias foram reeleitos e ainda levaram alguns filhotes e afilhados para Brasília. Para abrilhantar nosso congresso, fazem sua estréia o filho de José Agripino Maia, Felipe Maia, o Júnior de Nelson Marchesam, Irajá Abreu, filho de Kátia Abreu entre outros.
 Mais uma vez as vítimas votaram nos algozes. Os trabalhadores elegeram os patrões e os camponeses deram mais poder aos ruralistas. Desde os tempos da ditadura não houve um Congresso tão conservador como o que teremos nos próximos 4 anos.
Sem inserção na sociedade, sem ouvir a voz das ruas antes de se apropriarem delas, as jornadas de protesto, que prometiam ser um divisor de águas na política brasileira, nada trouxeram de concreto.  Junho acabou em outubro.



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