Nesses dias interessantes que
vivemos a palavra demagogia só é usada quando algo é feito em favor do povo
pobre. Para os comentadores da internet, bolsa família é demagogia, cotas nas
universidades também. Defender os direitos de favelados, gays e negros então
nem se fala. No entanto quando a mais pura das demagogias é esfregada nas fuças
dessa gente comentadeira e burra ela não percebe. Veja o caso da redução da
maioridade penal.
A classe média (e os que aspiram sê-lo) comprou o discurso da
bancada da bala e dos apresentadores de programas policialescos que pregam que a
simples redução inibirá os jovens de praticar atos infracionais por medo à
punição. Como se as casas que abrigam hoje os menores infratores fossem alguma
disneylândia. É uma medida inócua e demagógica que só serve para enganar
pascácios e satisfazer os desejos sádicos de alguns de nossos concidadãos
saudosos de chibatas e pelourinhos. Mas tem pior.
Desde que iniciou seu
pontificado o papa Francisco tem se notabilizado pela mais óbvia das
demagogias. Primeiro foi a caso dos guarda-chuvas doados aos sem teto.
(Guarda-cuvas esquecidos pelos visitantes do Vaticano é bom que se diga).
Depois foi o passeio organizado para que os mendigos de Roma conhecessem as
belezas da Capela Sistina e outros tesouros artísticos da Santa Sé. Previamente
ao passeio foi oferecido aos miseráveis um banho higienizador do lado de fora,
é claro, e uma merenda.
Agora são os refugiados que
merecem a atenção do Sumo Pontífice. Francisco orientou as paróquias para que cada
uma delas receba 1 (uma) família de
refugiados. As duas paróquias existentes no próprio Vaticano vão receber 2
(duas) famílias. Pois é. Parece que ninguém notou a desproporcionalidade entre
a caridade papal e o número gigantesco de refugiados. Não há críticas, não se
ouvem vozes contra essa deslavada demagogia. Todos parecem crer que as orações
e os discursos proferidos por Sua Santidade sobre os que fogem do inferno da
guerra e da fome já são suficientes. Não são.
A Igreja Católica poderia fazer
bem mais que acolher uma família de refugiados por diocese. Com sua capacidade
de mobilização, com suas finanças, com sua capilaridade poderia e deveria fazer
bem mais. Mas não fará nada além de discursos e chamados à paz universal da
qual ela mesma descrê.
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