domingo, 3 de janeiro de 2016

Nosso enviado especial





            A GloboNews tem um correspondente na Argentina. É o Ariel Palácios, um argentino que viveu muitos anos no Brasil. Palácios fala bem o português e, por conhecer nossos costumes e idiossincrasias, sabe o que interessa  ao público brasileiro e como explicá-lo. Eu simpatizo com Palácios. O hermano parece ser um cara legal e está longe de ser um global típico. De alguma maneira, Palácios é o anti-Merval, o anti-Sardenberg.
            Outro dia, no noticiário comandado por Leilane Neubarth, (sempre ela) o correspondente foi chamado desde Buenos Aires para dar informações. Apurei os ouvidos, afinal o que passa na Argentina nesses primeiros dias do governo Macri é assustador para quem, como eu, não esqueceu o efeito Orloff.
             Sobre o que falaria Palácios? Abordaria a nomeação por decreto de juízes da Corte Superior de Justiça? Mencionaria a anulação, também por decreto, da moderna Ley de Medios promulgada por Cristina? Traria algum dado novo sobre a fuga dos irmãos Lanata? Não, Ariel Palácios fora chamado para falar sobre a Venezuela e a anulação das eleições numa zona eleitoral do interior do país. Pois é, Palácios teve de explicar um fato ocorrido num país onde não vive e no qual, talvez nunca tenha posto os pés. Um país que faz fronteira com o Brasil e não com a Argentina.
            Bem sei que o jornalismo está em crise, principalmente o jornalismo da Globo que anda demitindo todo mundo. Nesses tempos de vacas magras seria esperar demais que a emissora dos Marinho tivesse um correspondente na Venezuela ou mesmo em Roraima para nos dar informação colhida no local ou nas proximidades, mas precisava ser o correspondente da Argentina? 
            Ouvindo o Ariel Palácios falar sobre a eleição venezuelana me lembrei do Hélio Costa, o enviado especial da Globo que todo domingo aparecia no Fantástico falando desde algum lugar da Europa. Não lembro se o que ele reportava tinha alguma relevância, mas lá estava ele com seu sobretudo e suas luvas tendo ao fundo a torre Eiffel, o Big Ben ou a Catedral de São Pedro. Era a época da ditadura e as vacas da Globo eram gordas. Hoje, o correspondente em Tóquio nos conta da eleição no Turcomenistão, o jornalista sediado na Itália comenta as inundações na Índia e o Ariel Palácios se vira para explicar para Leilane Neubarth o que se passa na Venezuela falando no Skype desde seu escritório em Belgrano.




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