domingo, 5 de junho de 2016

Serra, o anti-diplomata



Nem todo cara simpático é pilantra, mas todo pilantra é um cara simpático. Não existem embusteiros carrancudos assim como não os há mal vestidos. É uma exigência para o exercício da impostura: boa roupa e um sorriso nos lábios. Toda vez que cruzo com simpaticões profissionais fico com o pé atrás. O mesmo me acontece quando conheço otimistas e bem humorados de tempo integral.
Mas além da pilantragem há outras ocupações que exigem, ao menos, um tanto de simpatia, bom humor e otimismo. A diplomacia é uma delas e os americanos sabem disso.
Lindon Gordon, em cujos escritórios na embaixada americana foi tramado o golpe de 64, era uma simpatia de pessoa. Falava bem o português sem mescla-lo com o castelhano e fazia boas piadas. Dizia o diplomata, para atacar Cuba, que o país de Fidel era o maior país do mundo, pois, segundo ele, o povo estava em Miami, o exército na África e o governo em Moscou. Certamente, Gordon seguia os ensinamentos de Ted Roosevelt que dizia que para tratar com latino americanos havia que levar um sorriso nos lábios e um porrete nas mãos.
O governo fajuto de Temer parece não crer muito na simpatia diplomática. A comprovação disso é a escolha de José Serra para o Ministério das Relações Exteriores. O vampiro da pauliceia é famoso pelo mau humor e por não ter um amigo sequer. Mas não podemos pensar que a escolha foi equivocada. De jeito nenhum.
Assim como a ausência de mulheres e de negros no ministério de Temer. a escolha de Serra para as relações exteriores joga no campo do simbolismo. O ministério totalmente masculino, branco e rico passa a mensagem de que o poder voltou para a varanda da casa grande. Serra comandando a diplomacia mostra que papel o Brasil pretende desempenhar na geo-política latino-americana e do hemisfério sul em geral.
As primeiras notícias sobre a atuação de Serra nos Ministério das Relações Exteriores nos contam que o chanceler mandou fazer um levantamento sobre o custo das embaixadas na África. Certamente o Brasil terá menos representação naquele continente e voltará suas atenções para o circuito Elizabeth Arden que, além de charmoso, é onde se fazem os "negócios". Serra também andou fustigando os países vizinhos que, assim como os eurodeputados e grande parte da imprensa internacional, não aceitaram o golpe palaciano que afastou a Presidenta Dilma. O novo chanceler deu de usar o termo "bolivariano" com a mesma conotação pejorativa que usa a direita mais botinuda do país.
Serra, que já chamou o Brasil de Estados Unidos do Brasil (denominação que deixou de existir nos anos 60) e não sabe o que é a NSA, não parece talhado para as relações internacionais, mas cumprirá seu papel de lacaio das potências do norte e vendilhão da riqueza nacional. Isso, é claro, se esse governo se mantiver até as próximas eleições.




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