segunda-feira, 11 de março de 2013

A profissão do momento: pastor evangélico



                Em muitos dos sítios que leio na internet, tenho visto uma nova propaganda. É de uma faculdade de teologia de ensino à distância. De uns tempos para cá, é quase impossível abrir uma página virtual, mesmo em sítios e blogs ateus, e não me deparar com ela. Claro, é o negócio do momento.
               Quando eu era menino, o sonho de toda família era ver o filho médico, advogado ou engenheiro, dentista também servia e contador era prêmio de consolação. Já nos anos 90 do século passado, qualquer garoto de 12 anos queria mesmo era gravar um CD de pagode ou música sertaneja e para as meninas o conveniente era aprender a dançar o tchan ou na boquinha da garrafa. Os pais até estimulavam a aberração, quando os pimpolhos não tinham talento ou inteligência.
                Hoje não. Nesse século em que vivemos, o negócio é estudar teologia à distância e virar pastor de igreja evangélica, de preferência neopentecostal. Claro, tornar-se um bilionário como Edir Macedo não é para todos, mas qualquer pastor da Universal está ganhando mais que um professor universitário com doutorado e tudo.  Macedo está pagando mais de 20 mil mensais, mais casa, carro e escola para os filhos de seus acólitos. Malafaia paga o mesmo. A progressão na carreira é rápida e a formação necessária, pouca. Daí a propaganda da faculdade de teologia à distância estar em todas as partes, inclusive nos sítios de jogos eletrônicos e de músicas.
               Além do alto salário, os pastores que mais arrecadam em suas igrejas, recebem bônus. Quem tem olho grande não entra na China, mas pode visitar Jerusalém com tudo pago. Os serviços de pastores, mestres na arte de arrecadar, estão sendo disputados pelas seitas, tal como ocorre com os horários de TV. Está faltando profissionais no mercado neopentecostal que se encontra em franca expansão, inclusive no exterior. Falando inglês de cais do porto, o homem de Deus é ainda mais valorizado. 
               Pode-se também acrescentar, que das carreiras existentes, é a que mais possibilidades dá ao profissional de abrir seu próprio negócio. O investimento inicial não passa dos R$400,00 para a burocracia e o aluguel de um galpão. O retorno é imediato e as perspectivas infinitas, como a estupidez humana. Com uma simples inscrição, mediante a módica quantia citada, a seita estará livre dos impostos de renda e sobre investimentos. Outra opção para entrar no mercado, é a franquia Assembléia de Deus.
               Mas as vantagens não param por aqui. Diante de todo pastor arrecadador estará aberta a porta do mandato eletivo. Na corrida pelos votos, o homem de Deus larga em vantagem. Seu palanque já está armado e seu cabo eleitoral é o Todo Poderoso. Suas promessas de campanha não precisam estar limitadas a obras, creches e escolas. Não, o pastor de almas pode oferecer ao eleitorado nada menos que a vida eterna sem pagar aluguel. E funciona. Prova disso é o Pastor Marco Feliciano. 
               Mesmo não tendo atingido os píncaros da glória arrecadadora como Macedo, Malafaia ou R.R Soares, Feliciano é Deputado federal por São Paulo e acaba de ser escolhido para presidir a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
               Como deputado, Feliciano apresentou projeto para isentar as igrejas do dízimo do ECAD sobre as músicas ali tocadas. Também é de sua lavra o projeto “Papai do céu nas escolas”. Com essas singelas iniciativas e algumas caminhadas pelos corredores da Câmara, o Pastor conseguiu a indicação de seu partido para presidir a importante comissão.
               Tosco, mal falando a língua pátria, Feliciano, depois de fazer as sobrancelhas e mandar uma chapinha no bom cabelo, foi, na semana que passou, o nome mais falado da política brasileira.
               Êta, Jesus maravilhoso!



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