Um dos primeiros éditos do governo nazista que tomou o poder
na Alemanha em 1933, fazia referência à esterilização de pessoas com
transtornos mentais. A lei tinha como finalidade fazer uma limpeza genética,
mas seus defensores diziam que era para evitar o sofrimento dos possíveis
descendentes desses enfermos e poupar a sociedade de carregar, com seus
impostos, esse fardo.
A esterilização seria, além do mais, benéfica para os
próprios doentes. Quem determinava quem era doente mental ou não, era a ciência
nazista. Grande parte da sociedade alemã da época aprovava tal medida assim
como apoiou outras medidas que se seguiram.
Já nos primórdios do regime nazista, pessoas que fossem
tachadas pelos vizinhos como anti-sociais eram enviadas para campos de “reeducação”.
O mesmo destino dado aos homossexuais que também eram confinados para serem
curados da homossexualidade.
Mas o que têm a ver essas leis com os dias de hoje, com o
nosso país? Acho que muito.
De uns tempos pra cá estamos sendo bombardeados com leis que
ao restringirem a liberdade, procuram mostra-se como humanistas e protetoras de
direitos. Os mesmos eufemismos usados pelos nazistas para dobrar consciências
distraídas, aparecem nas leis que nossos legisladores aprovam com o
consentimento ou omissão da nossa cidadania.
Assim foi com a lei anti-fumo que em cidades como Rio e São
Paulo chegaram ao paroxismo da intolerância. Assim é com a famigerada lei que
propõe internação compulsória para usuários de drogas. Ambas as leis amparam-se
numa pretensa visão médico-científica. As internações seriam autorizadas por
especialistas. E quanto aos fumantes toda proibição seria para seu próprio bem.
Ora, o dom de iludir tem seus limites. Num país com óbvia
carência de médicos e com uma rede hospitalar deficitária, querem nos fazer
crer que haverá uma avaliação médica de cada caso para autorização de
internação compulsória. O que pretende essa lei é uma “higienização” das ruas,
retirando-se delas os usuários de crack que serão enviados para campos de concentração
geridos por seitas evangélicas.
A diminuição da maioridade penal também faz parte da agenda
dos defensores do atraso em nossa sociedade. Os que relincham por sua adoção
são os mesmos que defendem a vida de fetos indesejados, mesmo os advindos de
estupro ou os anencéfalos. O Estatuto do Nascituro e mais 31 projetos nesse
sentido tramitam no Congresso e pretendem restringir as já restritas condições
em que o aborto é legal no país. Tal qual ocorre com o uso de drogas, o estado quer
negar ao cidadão o direito ao próprio corpo alegando a usurpação de direitos de
outrem. No caso das drogas, direito difuso. No caso do aborto, direito de um
ser que ainda não existe.
Assim como ocorreu durante o regime nazista alemão, aqui
também querem “curar” homossexuais e muito se trabalha para derrubar a resolução
do Conselho Federal de Psicologia que veda tal prática obscurantista. Isso ocorre na Comissão de Direitos Humanos e
Minorias da Câmara presidida pelo preclaro deputado e pastor Marco Feliciano.
Lhe parece que exagero na comparação com o regime nazista?
Pode ser, pode ser. Mas veja se as leis que propõem internar compulsoriamente
pessoas inconvenientes, garantir a prática da homofobia e proibir a união legal
de pessoas que se amam não se enquadram naquele ideário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário