Se começa com
”aí galera”, eu não leio. Se vem misturado com inglês, também não. Tampouco linguagem cifrada. Se tem gíria
paulista, eu fecho a cara, mas vá lá, leio. Frases sibilinas, eu evito. Se citar
o Renato Russo, pego nojo e não leio. Se disser que o segredo de alguma coisa é
outra coisa, eu apago sem ler. Falou em milagres, só leio pra saber onde está a
fraude. Papo de gente revoltada com o preço do novo joguinho eletrônico, rio e
não leio. Se estiver escrito AKI, VC, TB e RS, me dá preguiça de decifrar e não
leio. Se escrever para falar mal do samba, não vou ler. Se vier acompanhado da
foto do Pe. Marcelo Rossi, não leio. Se tiver florezinhas adornando as frases,
não adianta, não leio. Ensinamentos de gurus orientais, não dou bola e não
leio. Citações bíblicas, não leio. Se uma explicação vier antecedida por “tipo
assim”, não leio. Em caixa alta, nem pensar, não leio. Mensagens edificantes e
exemplos de superação, não leio. Frases do Paulo Coelho? É ruim, heim, não leio.
Palpite sobre alimentação saudável, não leio. Papo antitabagista, acho chato
sem ler. Piadas achincalhando pobres, não leio. Comentário sobre os personagens
da novela que nem vejo, não leio. A lista dos melhores do ano, não leio. Páginas
de torcedores de qualquer time, não leio. Corrente? Nem leio nem dou seqüencia.
Um bom artigo da revista Veja, se existisse e fosse de graça, eu não leria. Fofoca
de quem comeu quem, não leio. Papo nerd, não leio. Papo furado, talvez eu dê
uma olhada. Papo cabeça, tem hora. O mais recente estudo sobre qualquer coisa,
não me interessa, não leio. Declaração da Marina Silva, leio, pra não ter de
ouvi-la. Anúncio da morte do Silvio Santos, não leio. Anúncio da morte do
Bolsonaro, estou esperando pra ler, mas nunca vem. Coluna do Merval Pereira,
não leio. Humor gospel? Tem dó, não leio. Receita de felicidade, não leio. De feijão
tropeiro sim, leio. Conselhos, não leio.
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