terça-feira, 5 de novembro de 2013

Proibir está na moda


Uma sociedade extremamente conservadora, quando tenta ser progressista paga mico. Confunde histeria coletiva com consciência ambiental. Opressão com choque de ordem. Chama urubu de meu loro. Apóia-se na pseudociência, na falácia, no modismo mais à mão. Proíbe. Não aponta soluções para os problemas que surgem, proíbe a existência do problema. Quando não há problemas para serem proibidos, inventa-se o problema para proibi-lo. Assim é a sociedade brasileira.
O caso das sacolinhas plásticas é emblemático. De repente surgiu a idéia que eram o grande problema da poluição ambiental. Seu uso foi proibido em muitas cidades brasileiras. Não se pensou em sua reutilização nem na reciclagem nem em nada, proibiu-se sua distribuição gratuita pelos supermercados. De tão esdrúxula, foi mais uma proibição que não colou. E já não se fala mais nisso. Os donos de supermercado adoraram ser proibidos de cumprir a lei que diz que mercadorias devem ser entregues embaladas. Economizaram milhões. Em muitos lugares a proibição segue valendo, mas não se expandiu como era esperado pelos proibidores de plantão.
No caso do cigarro, a proibição prosperou. Fumar passou a ser o ato mais vil, mais abominável, mais antissocial que um sujeito pode cometer. E em que se baseia a proibição de fumar-se em bares, restaurantes e outros lugares públicos? Na existência, nunca provada, de danos à saúde do fumante passivo. Poderia estar embasada no incômodo que a fumaça dos cigarros causa a outras pessoas, mas não. Mente-se para proibir. Inventaram os danos à saúde do fumante passivo. Ora, o fumante também é fumante passivo. Como se explica que ainda esteja vivo?  Inventaram que uma guimba de cigarro demora trocentos milhões de anos para decompor-se. O único caso em que o todo é muito maior que a soma das partes.
 Uma solução civilizada seria a existência de bares e restaurantes para fumantes, que pagariam impostos e taxas mais altos para a criação de um fundo que subsidiaria os gastos que a saúde pública supostamente teria com os fumantes. Ambientes livres de tabaco poderiam ostentar cartazes que os diferenciasse. Uma solução civilizada, democrática. Mas quem disse que é isso que se busca? A proibição é mais contundente, mais viril. Dá aos que a exigem e aos que a apóiam, um halo de superioridade, de ascendência moral.
Mas então é só no Brasil que proibicionismos estão na moda?  Parece que não.
Na França, está pronto para ser votado pela assembléia nacional, um projeto de lei proposto por deputados socialistas, que pretende punir com multas de 1.500 euros os fregueses das prostitutas. Em caso de reincidência a multa saltaria para 3.000 euro. A justificativa para a lei moralista é que desestimularia o tráfico de pessoas. Ora, se proibições servissem de desestimulo, ninguém usaria drogas nem haveria prostituição nos EE.UU, pois lá em apenas 3 dos 50 estados, a prostituição é legal.
A medida proposta pelo partido no poder, parece ter o intuito de agradar os eleitores de direita que associam o aumento da prostituição à imigração do leste europeu. Com uma só lei perseguem-se prostitutas e imigrantes. Bem ao gosto do eleitorado que a cada eleição deixa mais claro seu apoio ao que existe de mais reacionário naquele país.



Nenhum comentário:

Postar um comentário