Uma sociedade
extremamente conservadora, quando tenta ser progressista paga mico. Confunde
histeria coletiva com consciência ambiental. Opressão com choque de ordem. Chama urubu de meu loro. Apóia-se na
pseudociência, na falácia, no modismo mais à mão. Proíbe. Não aponta soluções
para os problemas que surgem, proíbe a existência do problema. Quando não há
problemas para serem proibidos, inventa-se o problema para proibi-lo. Assim é a
sociedade brasileira.
O caso das
sacolinhas plásticas é emblemático. De repente surgiu a idéia que eram o grande
problema da poluição ambiental. Seu uso foi proibido em muitas cidades
brasileiras. Não se pensou em sua reutilização nem na reciclagem nem em nada,
proibiu-se sua distribuição gratuita pelos supermercados. De tão esdrúxula, foi
mais uma proibição que não colou. E já não se fala mais nisso. Os donos de
supermercado adoraram ser proibidos de cumprir a lei que diz que mercadorias
devem ser entregues embaladas. Economizaram milhões. Em muitos lugares a
proibição segue valendo, mas não se expandiu como era esperado pelos
proibidores de plantão.
No caso do
cigarro, a proibição prosperou. Fumar passou a ser o ato mais vil, mais
abominável, mais antissocial que um sujeito pode cometer. E em que se baseia a proibição de fumar-se em bares, restaurantes e outros lugares públicos? Na existência, nunca provada, de danos à saúde do fumante passivo. Poderia estar
embasada no incômodo que a fumaça dos cigarros causa a outras pessoas, mas não.
Mente-se para proibir. Inventaram os danos à saúde do fumante passivo. Ora, o
fumante também é fumante passivo. Como se explica que ainda esteja vivo? Inventaram que uma guimba de cigarro demora
trocentos milhões de anos para decompor-se. O único caso em que o todo é muito
maior que a soma das partes.
Uma solução civilizada seria a existência de
bares e restaurantes para fumantes, que pagariam impostos e taxas mais altos
para a criação de um fundo que subsidiaria os gastos que a saúde pública
supostamente teria com os fumantes. Ambientes livres de tabaco poderiam
ostentar cartazes que os diferenciasse. Uma solução civilizada, democrática. Mas quem disse
que é isso que se busca? A proibição é mais contundente, mais viril. Dá aos que a exigem e
aos que a apóiam, um halo de superioridade, de ascendência moral.
Mas então é só
no Brasil que proibicionismos estão na moda? Parece que não.
Na França, está
pronto para ser votado pela assembléia nacional, um projeto de lei proposto por
deputados socialistas, que pretende punir com multas de 1.500 euros os
fregueses das prostitutas. Em caso de reincidência a multa saltaria para 3.000
euro. A justificativa para a lei moralista é que desestimularia o tráfico de
pessoas. Ora, se proibições servissem de desestimulo, ninguém usaria drogas nem
haveria prostituição nos EE.UU, pois lá em apenas 3 dos 50 estados, a
prostituição é legal.
A medida
proposta pelo partido no poder, parece ter o intuito de agradar os eleitores de
direita que associam o aumento da prostituição à imigração do leste europeu.
Com uma só lei perseguem-se prostitutas e imigrantes. Bem ao gosto do
eleitorado que a cada eleição deixa mais claro seu apoio ao que existe de mais
reacionário naquele país.
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