terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Tudo como dantes


O ano vai terminando com terminou o século... XIX. Índios sendo massacrados e expulsos de suas terras, trabalhadores rurais sendo vítimas dos capitães de mato da PM, dos jagunços e pistoleiros.
O ano vai terminando como tantos outros começaram e terminaram. Pobres e favelados, negros e pardos sendo agredidos e mortos em frente das câmeras de TV. Pobres e favelados, gente sem teto, sem trabalho, sofrendo humilhações perpetradas por bandidos fardados, que na impossibilidade de lhes extorquir algo, descarregam sobre eles sua boçalidade, sua violência.
O ano vai terminando como terminaram muitos outros, com o orçamento da nação sendo aprovado no apagar das luzes sob a chantagem dos políticos que querem mais: mais verba para custeio de partidos, mais verba para alugar carros e comprar passagens aéreas, mais dinheiro para as emendas parlamentares que em ano eleitoral fazem toda a diferença. Emendas parlamentares que porão milhões nos cofres das empreiteiras amigas.
O ano vai terminando como todos os outros, a desigualdade imperando, o latifúndio matando, a polícia torturando, os políticos roubando o que deveria ser para benefício de todos.
Mais um ano que repete o já visto e vivido em anos anteriores. As bases dos governos (estaduais, municipais, federal)  barrando tímidas tentativas de se investigar algo.
Em mais um ano as chuvas, simples chuvas, irão matar e desalojar famílias. Serão criados gabinetes de gerenciamento de crises como se as precipitações fossem algo totalmente desconhecido. E mais alguns milhões serão desviados sem que nada se faça. As chuvas vão se transformando numa indústria como a seca e a fome.
O ano que termina, sem embargo, deixa alguns fatos novos para, quem sabe, serem repetidos nos próximos. Gente do poder, ou dele dependente, foi para a cadeia acompanhada de uma presidente de banco e um poderoso publicitário. As ruas deram seu recado, confuso, mas audível. Vamos ver se as urnas farão eco.



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