quarta-feira, 13 de maio de 2015

Por que batem as panelas?



Não sei onde nem quando começou. Sei que não foi mês passado e não foi no Leblon.  A primeira vez que vi, o significado era claro: batiam-se panelas para mostrar que elas estavam vazias, que havia fome. E agora, o quê quer dizer o bater de panelas nas varandas dos endinheirados? Obviamente não é contra a fome. Tampouco é contra o infame projeto de terceirização que elas batem. Nem pelo tratamento dispensado aos professores e à escola pública.
Dizem que é contra a corrupção que os bem viventes batem panelas. Eu não creio. Corrupção é coisa corriqueira desde sempre. Em todos os governos, em todos os entes da Federação em todos os níveis, em todas as instâncias.
Não. As panelas são batidas contra o Governo Federal, só e tão somente.
Bem que esse governo merece apanhar, afinal entregar a economia na mão do banqueiro Levy e a agricultura nas patas da escravocrata Kátia Abreu é motivo de sobra para apanhar. Mas os batedores de panela não visam os erros do governo quando o atacam; visam seus acertos.
As panelas batem contra as cotas raciais e não contra o extermínio de jovens negros das periferias. Batem contra os direitos de minorias e não contra sua violação.  
As panelas batem contra os direitos das empregadas domésticas, contra o filho do porteiro que faz faculdade, contra a mulher negra que chefia.
As panelas batem contra qualquer menção de mudança na estrutura social, nos privilégios, no status quo.
As panelas batem para que a fome volte a assombrar milhões e gritam contra o Bolsa Família como se tratasse do pior dos inimigos.
As panelas são a trilha sonora das manifestações que pediam menos Paulo Freire e mais milicos.
As panelas batem contra o voto da maioria.

As panelas batem contra o 13 de maio.

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