Não sei onde nem quando começou. Sei que não foi mês passado
e não foi no Leblon. A primeira vez que
vi, o significado era claro: batiam-se panelas para mostrar que elas estavam
vazias, que havia fome. E agora, o quê quer dizer o bater de panelas nas
varandas dos endinheirados? Obviamente não é contra a fome. Tampouco é contra o
infame projeto de terceirização que elas batem. Nem pelo tratamento dispensado
aos professores e à escola pública.
Dizem que é contra a corrupção que os bem viventes batem
panelas. Eu não creio. Corrupção é coisa corriqueira desde sempre. Em todos os
governos, em todos os entes da Federação em todos os níveis, em todas as
instâncias.
Não. As panelas são batidas contra o Governo Federal, só e
tão somente.
Bem que esse governo merece apanhar, afinal entregar a
economia na mão do banqueiro Levy e a agricultura nas patas da escravocrata
Kátia Abreu é motivo de sobra para apanhar. Mas os batedores de panela não
visam os erros do governo quando o atacam; visam seus acertos.
As panelas batem contra as cotas raciais e não contra o
extermínio de jovens negros das periferias. Batem contra os direitos de
minorias e não contra sua violação.
As panelas batem contra os direitos das empregadas domésticas,
contra o filho do porteiro que faz faculdade, contra a mulher negra que chefia.
As panelas batem contra qualquer menção de mudança na
estrutura social, nos privilégios, no status quo.
As panelas batem para que a fome volte a assombrar milhões e
gritam contra o Bolsa Família como se tratasse do pior dos inimigos.
As panelas são a trilha sonora das manifestações que pediam
menos Paulo Freire e mais milicos.
As panelas batem contra o voto da maioria.
As panelas batem contra o 13 de maio.
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