sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O pior ano de nossas vidas. Por enquanto.





            O ano que passou foi pródigo em desgraças. Talvez, no futuro, 2015 seja lembrado como o ano em que Donald Trump iniciou sua carreira política. Nossos descendentes olharão para essa data incrédulos assim como hoje miramos 1933. O infausto ano também será recordado pela maior crise de refugiados desde a segunda guerra mundial e pela ascensão do Estado Islâmico. Não é pouca desgraça.
            No Brasil, 2015 deveria ser lembrado como o ano de Cunha e da constatação de que o fosso moral dos políticos não tem fundo, mas creio que o usufrutuário evangélico será apagado da história. Talvez não passe de nota de roda-pé nas crônicas do futuro. Ademais, como disse, o fosso não tem fundo e poderemos ter novos protagonistas da baixeza política e humana que suplantem Cunha.
            Mas não só de figuras públicas fez-se o desditoso ano. Os anônimos das redes sociais e das passeatas também luziram. Nunca na história desse país se viu tanta estupidez, tanto ódio, tanta manifestação de burrice patológica e hereditária. Foram esses anônimos que fizeram com que Lobão, Sheherazade, Alexandre Frota e outras sub-pessoas fossem mote de notícias e que Chico Buarque fosse agredido por cavernículas paulistas em pleno Leblon
            Para encerrar o ciclo foi justamente no dia 31 de dezembro que fiz mais uma constatação sobre o ano nefando: a demagogia floresce viçosa como nunca. Veja se não tenho razão.
            Numa postagem muito difundida nas redes sociais nesse último dia do ano, vemos Angela Merkel fazendo compras no supermercado. Na legenda que acompanha a fotografia lemos que a chefe de governo faz suas comprinhas e espera na fila do caixa como qualquer um. No diário El País, da Espanha, conta-se que a chanceler estava acompanhada apenas por dois seguranças, mas como ninguém sequer olhava pra Angela, não foi necessária a intervenção dos agentes que a custodiavam. No diário, mas não na postagem do facebook, mencionam que as comprinhas de Merkel foram feitas dois dias antes das eleições. No entanto, o diário espanhol conseguiu convencer seus leitores e usuários do facebook que nesses dias em que todas as capitais europeias estão em alerta máximo devido às ameaças (ou paranóias) terroristas, a chefe do governo alemão anda por aí com apernas dois seguranças e para economizar os impostos dos contribuintes não usa sequer o serviço de entrega em domicílio dos mercados. Nos muitos comentários da rede social e do sítio do El País os crédulos se desmancham em elogios à sobriedade de Angela Merkel. Nada dizem do papel que a Alemanha, sob seu comando, desempenha na crise europeia e nas medidas de austeridade impostas aos países mais afetados pela delinqüência (sim, eu boto trema em delinqüência) bancária.
            Claro que essa demagogia pré-eleitoral será suplantada fartamente quando João Dória Júnior comer pastel na feira durante a campanha para prefeito de São Paulo.
         

Um comentário:

  1. Com trema ou sem trema, o senhor tem razao sim. A midia, que antes era o quarto poder, e, agora, nos dias que correm, O Poder

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