sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Dr. Rosinha



                Ele é Deputado Federal pelo PT do Paraná e faz-se chamar, Dr. Rosinha. Eu gosto desses apelidos diminutivos com que nós brasileiros nos tratamos. Têm algo de carinhoso e familiar. Pressupõem intimidade e dão ao portador da alcunha um que de modéstia, de humildade. Mas, Dr. Rosinha, convenhamos...
                Ainda que a forma diminutiva case bem com o aspecto franzino do Deputado, sua barba hirsuta e abundante desmente a feminilidade do apodo. Mas podia ser pior; seu nome de pia é Florisvaldo Fier, assim que, por pouco ele não é Dr. Florzinha.
                Ademais de deputado, Dr. Rosinha escreve no sítio informativo “Congresso em foco”. Aí vemos, logo abaixo de sua coluna, assim como em todas as outras publicadas por esse órgão de imprensa, um pequeno currículo do autor. Lá está escrito que Sua Excelência é “médico, com especialização em Pediatria, Saúde Pública e Medicina do Trabalho, destacou-se como líder sindical antes de se eleger vereador, deputado estadual e deputado federal”.
                Curioso pela trajetória de Florisvaldo, fui à Wikipédia buscar mais informações. Em sua biografia, publicada por escriba amigo, na enciclopédia livre, consta que ele nasceu em Rolândia (PR) em 1950 e que foi “trabalhador rural”. Em 1969 mudou-se para Curitiba para estudar medicina na PUC.
                Fui tomado pela perplexidade. Como um trabalhador rural pode estudar medicina, o mais caro dos cursos, na caríssima Universidade Católica? De duas, uma: ou Florisvaldo foi bolsista ou o termo “trabalhador rural”, usado por seu biógrafo, quer dizer: filho de proprietário de terras, de muitas terras.
                O texto da Wikipédia ainda diz: _”Depois de formado, trabalhou por vários anos em postos de saúde da periferia da capital paranaense”. E mais:_”Indignado com a dura situação de vida a que está submetida a maioria da população, Dr. Rosinha começou a atuar nos movimentos sociais. Foi um dos fundadores e diretor do Sindicatos dos Servidores Públicos Municipais (Sismuc)...”
                Mais uma vez fico sem entender. Um sujeito fica indignado com a situação da população pobre e funda um sindicato de servidores públicos? Claro que as duas coisas não são excludentes, mas de maneira nenhuma são complementares. Se existe algo que indigna o povo pobre é o tratamento que recebe desses servidores.
                Dr. Rosinha também ajudou a fundar o PT e a CUT no começo dos anos 80.
                Eu gosto de aritmética e não resisto a fazer contas. Se Florisvaldo entrou na faculdade em 69, ele deve ter se formado em 74 ou 75. Se no começo dos 80 estava fundando a CUT e, portanto, já era diretor do sindicato dos servidores municipais, quantos são esses “vários anos” trabalhando em postos de saúde, de que fala sua biografia? Acho que não são tão vários assim. Penso que o Dr. Rosinha é um desses profissionais concursados que depois de uns anos de trabalho, entram para o sindicato (ou fundam um, como é o caso do Dr. Rosinha) e se profissionalizam. Daí para a carreira política é um pulo.
               Verdade seja dita, muitos dos projetos do Dr. Rosinha referem-se à saúde do trabalhador.
               Mas e o Dr. Rosinha colunista? Bem, em seu último artigo publicado pelo “Congresso em foco” e que tem como título “Precisamos de respostas”, ele fala de “suposto mensalão”. Diz que nada foi provado e que os réus  foram condenados pelo crime de serem do PT. Esquece-se Dr. Rosinha que até uma diretora de banco pegou mais de 10 anos de prisão e não era do PT. Que o mais penalizado na Ação Penal 470, foi Marcus Valério que jamais foi filiado a esse partido, embora se apresentasse em Portugal como “o Marcus Valério do PT”.
                Dr. Rosinha quer que a publicação do acórdão que possibilitará a prisão dos condenados no caso do mensalão, siga a ordem dos julgamentos e cita que há mais de 2.600 processos esperando publicação. Dr. Rosinha quer, a todo custo, a impunidade e agora é ardoroso defensor de todas as chicanas protelatórias usadas pelos advogados. Por seu gosto ninguém vai em cana.  







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