A agenda do Congresso neste ano
eleitoral promete ser das mais confusas e absurdas. De olho no voto, nossos
congressistas prometem um espetáculo de demagogia e desmandos.
Temas como a diminuição da maioridade
penal, questionamento de decisões judiciais por parte de parlamentares, direito
de instituições religiosas impetrarem ADIs contra leis aprovadas nos
parlamentos, e até mesmo leis de exceção para reprimir manifestações durante a
copa, entre ouras bizarrices, podem marcar a reabertura do ano legislativo. Mas
não só do Congresso devem vir atentados contra a cidadania e os direitos humanos.
O próprio governo, ambicionando votos
interioranos, que supostamente iriam para a oposição de direita nas eleições
gerais desse ano, não só cooptou a líder do feudalismo, a senadora Kátia Abreu,
que agora milita na sua base de sustentação, como também adere às teses
ruralistas de expropriação de terras indígenas. Promete tirar a FUNAI do
processo de demarcação e introduzir órgãos estaduais e municipais na discussão
do tema. Segundo Marivaldo de Castro Pereira, secretário de Assuntos
legislativos do Ministério da Justiça, as medidas que serão postas em prática
ajudarão a dirimir conflitos na questão das demarcações. Ora bolas, por quem
nos toma o Sr. Marivaldo? Crê que somos idiotas patológicos? Parece que sim.
Num simplismo que beira o cinismo,
Marivaldo apela para o sentido comum e diz: _Se você briga com seu vizinho,
onde é mais fácil de resolver, no mediador da esquina, com os dois se
cumprimentando, ou levando o problema para o judiciário?
Acontece Marivaldo, que
latifundiários nunca foram vizinhos de cumprimentar ninguém. Cumprimento desses
senhores feudais é pistoleiro e jagunço. É bala.
Levar a discussão sobre as
demarcações de terras indígenas para o âmbito regional é entregar a escolta das
galinhas à raposa, ou pra ser mais nacional, ao lobo guará
Qualquer um sabe que entre as
práticas políticas do país, está o loteamento de cargos em troca de apoio
parlamentar. Não há liderança no Congresso que não tenha filhos, sobrinhos,
genros e agregados dirigindo órgãos decisórios nos municípios, nos estados e na
administração federal.
É nos pequenos municípios que são
eleitos os membros da bancada ruralista. É lá que sua influência mais se verifica. É nos grotões e nos municípios do interior do país
que esses políticos elegem ou indicam seus parentes e acólitos para cargos,
mandatos, comissões. Pois é para lá que o Ministério da Justiça pretende
encaminhar as discussões sobre as terras indígenas.
Não satisfeitos com os avanços que vêem
conseguindo junto ao governo encabeçado pelo P.T, os ruralistas promoveram um
leilão com o intuito de arrecadar fundos para a contratação de pistoleiros e
jagunços que lhes garantam o direito de espoliar índios e trabalhadores rurais.
Claro que não se trata mais do “litro de mel” de antigamente. Hoje os sicários
e matadores são funcionários de empresas de segurança privada que matam com carteira
assinada e descontando para o INSS.
Também fica claro que o leilão, que
num primeiro momento arrecadou mais de 650 mil reais, não é necessário. Não falta
dinheiro aos proprietários das capitanias hereditárias para contratar seus
pistoleiros. É apenas um ato de provocação, de ostentação de seu poder crescente
e de sua impunidade assegurada pela justiça que eles dominam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário