quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Seleções




Fim de ano, campeonato no fim e começam as listas. Numa precária imitação da mania estadunidense de escolher o melhor em qualquer coisa, nossas revistas, rádios e canais de televisão elegerão o melhor jogador do campeonato , a revelação, o melhor técnico etc. Ao contrário de outros anos em que os nomes eram diferentes para cada órgão de imprensa, este ano Neymar deve ser o vencedor em todas as listas..
Ademais do prêmio entregue pela CBF em associação com a Globo, o canal Sportv também do grupo Globo, entrega o troféu Armando Nogueira para o melhor jogador do campeonato. A votação é feita rodada a rodada e notas são conferidas aos jogadores que, pela média, são escolhidos É só uma brincadeira, mas eles levam a sério
Até semana passada, Neymar levava grande vantagem sobre o segundo colocado que era o Motillo do Cruzeiro. E é aí que eu não entendo. Ora, o cara é o armador do time. O time está na beirada da zona de rebaixamento, mas mesmo assim nossos comentaristas esportivos o acham o máximo. Faz lembrar a piadinha dos anos sessenta: _ O filme é uma droga, mas o diretor é genial. Claro que estas eleições são só pra encher lingüiças e eu estou fazendo o mesmo, pois quero falar de outra coisa. Mas o Montillo se encaixa no tema.
Trata-se da xenofilia que toma conta dos meios esportivos. Não há transmissão de futebol que não fale das maravilhas do futebol estrangeiro em detrimento do nosso. Mesmo que o jogo transmitido seja da segunda divisão do brasileiro._ Mas isto não é nenhuma novidade, você dirá. Concordo. Mas é que agora a coisa chegou às raias do ridículo.
 Se qualquer amante do futebol pode reconhecer no Barcelona uma força poucas vezes vista ultimamente, o mesmo não se aplica nem à seleção espanhola nem tampouco ao futebol jogado naquele país. E mesmo se tratando do Barcelona há que ponderar. Sim, pois se no último título europeu ganho pelos catalães houve uma incontestável supremacia destes, coisa que o Mourinho não concordaria, na penúltima conquista houve o maior afano esportivo que se tem notícia desde que os jogos passaram a ser transmitidos por televisão. Foi na semifinal contra o Chelsea. Nada menos que cinco pênaltis não foram assinalados a favor dos ingleses. Ainda assim há que se reconhecer o grande futebol que praticam os liderados de Guardiola. Agora, outra coisa é o campeonato espanhol, chamado apropriadamente por Paulo Vinícius Coelho, de “o melhor gauchão do mundo”, e a seleção espanhola.
Essa seleção é a mais medíocre campeã de todos os tempos. Marcou sete goals em sete jogos durante o mundial da África do Sul. Menos que o Ronaldo fez sozinho na Copa de 2002. Talvez você venha dizer que os galegos fizeram oito goals em sete jogos. Você está errado. O oitavo goal foi marcado na prorrogação do último jogo. Então...
Mas não é só na quantidade de tentos que eles são fraquinhos, seus resultados também são apenas medianos. Senão veja. Eles perderam para a Suíça na estréia da Copa. Eu sei que é difícil vencer os suíços, mas é mais difícil perder para eles. Os caras não atacam. Têm verdadeira ojeriza às redes adversárias. Ainda assim ganharam dos espanhóis. A contra gosto, mas ganharam.
No jogo contra Honduras, os comandados de Vicente Del Bosque, receberam de presente da ex -colônia os dois tentos que lhe valeram a vitória. No primeiro goal o arqueiro hondurenho foi até o meio de campo para passar a bola ao adversário que foi decidir sua passagem à segunda fase contra o Chile. Venceram os espanhóis por 2 x 1, no sufoco.
Enfrentaram Portugal e golearam por 1 x 0. Mas contra o Paraguai tiveram que contar com uma arbitragem amiga que anulou um goal legítimo dos guaranis e não mandou voltar a cobrança do pênalti perdido por estes quando houve uma flagrante invasão de área pelos espanhóis. Tudo isto quando o jogo ainda estava 0 x 0. No final, mais um resultado por placar mínimo Por fim fizeram dois bons jogos contra a Alemanha e Holanda vencendo o primeiro por 1 x 0 e empatando o segundo.
Depois da Copa perderam para a fraca Argentina, ganharam, roubado, do Chile com um pênalti inexistente no finalzinho do jogo, após estarem perdendo por 2 x 0, e  empataram com a grande Costa Rica  também depois de tomarem  2 x 0 no primeiro tempo. Ainda assim a seleção da Espanha é tratada por nossos analistas esportivos como algo a ser copiado Seu técnico que antes era chamado de apático quando dirigia o Real Madrid e não ganhava nada, agora é visto como “sereno” .Mas pelo menos os caras têm um título mundial. Coisa que não acontece com a outra maravilha que os comentaristas não cansam de louvar; a seleção uruguaia.
Esta seleção que comemorou o quarto lugar na Copa como se fora uma façanha, agora é tida como símbolo de tudo que é bom no futebol. Seu técnico é um gênio, muito embora escale um meio campo com três volantes e um só atacante, pois Forlan, elevado à crack aos trinta anos, tem de voltar para ajudar na armação do time. Seu goleiro reserva é o Castillo que foi defenestrado pelo Botafogo após montar uma granja em General Severiano. Na Copa teve três vitórias dois empates e duas derrotas. Chegou por acaso às semi-finais e voltou com duas bordoadas no lombo para ser recebido em sua pátria com banda de música, coro infantil e foguetório. No último amistoso venceu a Itália que se chegar disfarçada no campeonato brasileiro não faz goal nem no Avaí.
           





Nenhum comentário:

Postar um comentário