Confesso que nunca simpatizei com o Suplicy. Aquele seu
jeito de maluco tarja preta, eu nunca engoli. Além do mais, ele é um rico que
se tornou figura importante dentro de um partido que deveria ser dos
trabalhadores. Ocupa um espaço que não lhe pertence.
Suplicy protagonizou as cenas mais ridículas do senado nos
últimos tempos. E quando fala sério, é através dos mais entediantes discursos. Adora
adornar suas falas com citações de autores e títulos estrangeiros cujos nomes
pronuncia com forçado acento.
Ele já usou chapéu de Robin Hood, chorou em plenário
lendo uma carta, cantou uma música de Bob Dylan em companhia de Tiririca e
aparteou, com sua voz molenga, todos os que discursaram na tribuna do Senado.
Tudo isso só no último mês. O cara é um chato de galocha e suspensório.
Mas, verdade seja dita, Suplicy é um bom senador. De seus
projetos, eu conheço pouco, pois toda vez que ele começa um pronunciamento,
caio em sono profundo. Sei do “renda mínima” pelo qual vem batalhando desde o
governo de Fernando Henrique Cardoso e que muito influenciou nos projetos
sociais do governo Lula.
Numa outra esfera, também não pude deixar de admirar o Senador
paulista. Foi no caso da morte de Celso Daniel. Enquanto o PT e a polícia
faziam finca pé na tese de crime comum, mesmo que todos os dados apontassem
para crime de cunho político, Suplicy , só, foi buscar informações nas ruas de
Santo André com possíveis testemunhas do seqüestro. Pergunta daqui, pergunta
dali e a história do Sombra caiu por terra.
Suplicy, noutro gesto de independência, assinou o documento
pela criação da CPI dos Correios contra a vontade de seu partido, que preferia
empurrar os fatos para debaixo do tapete.
Sempre me pareceu que a independência de Suplicy era
suportada pelos sargentões do PT, por ser ele um campeão de votos. Foram três
eleições consecutivas. Uma cadeira certa para o Partido dos Trabalhadores no
Senado da República.
Mas algo mudou no PT de uns anos para cá. Se não bastassem
as alianças espúrias que o partido fez com todos aqueles que passaram diante de
sua sede oferecendo uns minutinhos no horário eleitoral gratuito ou uns votos
no legislativo. Como se fora pouco o escândalo do mensalão que atingiu figurões
do partido. Se não pesasse sobre os ombros de seus deputados e senadores o relatório
da CPI do Cachoeira, o PT se prepara para dar mais uma mostra de pragmatismo
extremo.
Visando às eleições de 2014 para o Palácio dos Bandeirantes,
o partido deve trocar a vaga para disputar o senado por apoio de aliados ao seu
candidato a governador. Como nesse ano só uma cadeira de senador estará em
jogo, Suplicy deverá ser sacrificado.
Suplicy, que recebeu o Prêmio Congresso em foco deste ano
como melhor senador, poderá deixar de concorrer, ficando sua vaga para Chalita
ou Netinho de Paula.
Cito esses dois nomes por tê-los vistos em matérias de
jornais que comentaram a possível insensatez do PT, mas como o leque de
alianças do partido é quase infinito, poderemos ter surpresas. Quem sabe o PT
não resolva apoiar a candidatura ao senado de alguém saído das hostes
malufistas. Ou, o próprio Doutor Maluf. Tudo é possível no toma-lá dá-cá que os
petistas estão se tornando mestres.
Por falar em Maluf, Haddad já disse que uma secretaria da
prefeitura paulistana irá para o PP por obra e graça dos minutinhos de TV que o
partido proporcionou a ele no último pleito. Mais uma vez, o malufismo poderá
contribuir para o engrandecimento de São Paulo.
Mas voltando ao Suplicy.
Logo depois que encerrou seu dueto com Tiririca, na entrega do
Prêmio Congresso em foco, o Senador deixou claro para os jornalistas que o
entrevistaram, que iria pedir prévias para a escolha dos nomes de candidatos às
eleições de 2014 pelo PT. Chegou a sugerir que as prévias fossem abertas a
candidatos de outros partidos aliados, tal qual aconteceu na França
recentemente. A idéia é meio amalucada como o próprio Senador Suplicy, mas ele
está confiante no seu taco.