Recentemente tivemos o caso do
assassinato do garoto que era um dos promotores dos rolezinhos. Sem nenhum
pudor, sua morte foi comemorada nas redes sociais e nos sítios informativos.
Sem que nenhum crime lhe fosse imputado, Lucas Lima foi chamado de marginal, de bandido. O rapaz
de apenas 18 anos, morto numa briga, supostamente por estar paquerando uma
menina que estava acompanhada, era o líder de um movimento social, pois disso
se trata o rolezinho: um movimento social. Movimento tão importante quanto as
manifestações que em meados do ano passado tomaram as ruas do país. Mas com uma
grande diferença: seus protagonistas não provêem da classe média, não são
universitários. O pessoal do rolezinho, diferentemente dos manifestantes de
junho, não foi mimado pela imprensa de direita que via nas manifestações de rua
uma maneira de atacar o governo.
Depois que as manifestações tomaram
rumos diferentes e se mostraram mais genéricas, criticando inclusive a imprensa
e os políticos em geral, e não só o governo, os meios de desinformação
começaram a tratá-las como coisa de baderneiros e vândalos. Sem, é claro,
deixar de fazer oportunas ressalvas para uso futuro.
O rolezinho sempre foi tratado como
coisa de baderneiros e desocupados, tanto pela imprensa como pela população
racista e segregacionista. Ou seja, pela ampla maioria da classe média e dos
novos emergentes. Nas redes sociais, os freqüentadores dos shoppings queriam
que os meninos da periferia fizessem rolezinhos nas bibliotecas e museus. De repente,
gente que jamais folheou um livro e nem sabe o endereço de um museu, virou
difusora cultural. Depois de cada ato de rebeldia e inconformismo daqueles que
querem romper com a segregação, as TVs mostravam entrevistas com lojistas e
comerciários indignados com a ação dos jovens e não com a segregação em si, imposta
pelos administradores de shoppings.
O ódio externado nas manifestações
contra Lucas Lima, seria algo inexplicável se já não estivéssemos nos
acostumando com esse novo perfil do brasileiro médio tão longe do homem cordial
de tempos atrás.
Esse novo brasileiro, adepto dos
linchamentos e da tortura, vem sendo forjado pelos noticiários policialescos e
pelos políticos oportunistas e demagogos. O país afunda na boçalidade e abre
caminho para qualquer tentativa autoritária que se dispuser a tomar o poder.
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