Nos primeiros meses de 1970, foi
lançada no mercado a revista esportiva Placar. Em sua primeira capa estava a
manchete:”Seleção brasileira vive sua pior crise”. Na matéria lia-se que era a
pior crise não daquele grupo de jogadores e sim da história. Meses depois, a
maior seleção que o mundo viu jogar, voltava de terras Aztecas com a Jules
Rimet conquistada definitivamente.
Após o triunfo, descidas de seus
poleiros, as mesmas aves agourentas que prenunciaram o fracasso de nosso
scratch, aderiram com a maior desfaçatez ao ufanismo tão próprio da época. As
vozes que criticavam desde a escalação até o massagista, passaram a citar
aquele time como exemplo para desacreditar outras seleções que foram formadas
nos anos seguintes.
O mesmo se deu com o time de 82
que saiu do Brasil sob suspeição e hoje é apontado pelos seus críticos de
então, como um dos mais brilhantes de nossa gloriosa história futebolística. Em
94 foi igual, a crítica especializada, antes do mundial, era unânime em afirmar
nossa incapacidade. Um velho jornalista, que foi no programa do Jô Soares para
lançar seu livro sobre futebol, foi categórico ao afirmar que perderíamos o
mundial por termos no ataque dois anõezinhos. Os anõezinhos eram Bebeto e
Romário. Oito anos depois e mais uma seleção saiu do país derrotada antes de
jogar. Jogou e ganhou. 7 jogos, 7 vitórias.
Estou contando esses fatos
sobejamente conhecidos para fundamentar meu otimismo com relação a 2014. Hoje,
como nos casos relatados, nossa imprensa especializada não economiza críticas
ao trabalho de Mano Meneses. E como nas copas anteriores a comparação com
outras seleções nos deixa, aos olhos dos especialistas, muito mal.
Nelson Rodrigues já dizia que o
brasileiro é um Narciso às avessas. Um Narciso que cospe na própria imagem.
Nossos cinco títulos mundiais deveriam ser motivo para uma confiança infinita
nos jogadores brasileiros e sem embargo, estes são desacreditados. Até a
medíocre seleção espanhola é citada como exemplo a ser seguido. E quando não é
a espanhola é a uruguaia.
Nos canais de tv aberta e por
assinatura que detêm os direitos de transmissão de campeonatos estrangeiros, as
críticas à nossa seleção e ao nosso futebol chegam às raias do absurdo. Parece
haver uma concorrência para ver quem é o comentarista mais xenófilo. O páreo é
duro. Na ESPN Brasil, os comandados de José Trajano se esmeram em desacreditar
o campeonato brasileiro que é transmitido pela concorrente Sportv. Querem que acreditemos que um campeonato disputado por dois times, como o espanhol, é emocionante.
Um de seus comentaristas, que é de Niterói mas se crê Londrino, começou um
artigo em seu blog com a seguinte pérola:_”Tivemos casa cheia em Wembley”. Um
outro se refere à seleção Holandesa como “minha querida Holanda” e diz “meu
querido Ájax”, quando trata do time de Amsterdã.
Nas transmissões da liga dos
campeões da Europa pela Bandeirantes o comentarista Mauro Beting une o ridículo
de sua pessoa com o mais idiota caipirismo, exaltando o Barcelona. Ora, o time
catalão é um grande time e joga dentro da filosofia que Carlos Alberto Parreira
sempre tentou impor nos times que dirigiu. Posse de bola. Mas Parreira foi
execrado, tanto na seleção como nos clubes que dirigiu, embora tenha ganhado um Mundial, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. Acontece que Guardiola tem
Messi que faz chover toda quarta e todo domingo.A seleção da Espanha que conta
com todos os bons jogadores espanhóis do Barcelona e alguns bons do Real
Madrid, não consegue fazer mais que um gol por jogo como no mundial passado.
Mano Meneses, que como todo
técnico tem suas idéias fixas, é um sujeito sério pra burro embora tenha de
aceitar o calendário caça níqueis da CBF, que nada tem de séria, e não tem tempo
para treinar. No último amistoso contra a Bósnia pode fazer um longo
treinamento de dez minutos depois de descer do avião. Ainda assim a seleção
brasileira venceu, mostrou nítida superioridade sobre o adversário e também
algumas falhas no sistema defensivo que podem ser facilmente sanadas com meia
dúzia de treinamentos sérios. Os problemas de cobertura e posicionamento não
devem assustar quem conta com pelo menos 7 grandes zagueiros para escolher e
uma infinidade de volantes do mais alto nível. Muitos deles sequer terão chance
de ir aos grandes torneios. Serão deixados pra trás jogadores como Felipe Melo,
Andrezinho ( que é 2º volante e não meia armador como quer seu técnico no
Botafogo) Paulinho e Ralfh do Coríntians, Arouca e outros.
Nosso maior problema segue sendo
a armação da equipe, mas com Ganso que voltou a jogar bem e Kaká livre das contusões
e da Igreja Renascer, alem de Alex que poderia ser chamado, ainda que Tite o deixe no
banco por preferir jogar com três volantes e só um na armação, Daniel Carvalho
que só não é titular absoluto do Palmeiras porque também Scolari não escala 2
armadores e prefere o mascarado Valdívia, Diego Souza que pode exercer a
função, enfim, há opções para se criar um esqueleto de time que até 2014 ainda
pode contar com alguma surpresa revelada na Olimpíada de Londres ou por aqui
mesmo, no próximo campeonato nacional.
Mas meu otimismo com relação à
seleção se baseia mesmo é no descrédito dos especialistas que não acertam uma. Seremos
campeões.
Zagallo já deu o estrilo: seria um vexame sem tamanho perder a segunda Copa em casa. E, cá pra nós, em matéria de seleção Zagallo tem muito mais a dizer que Mano Menezes. Se Zagallo está preocupado, pode crer: há motivo. E não é a imprensa com suas diversas manias e rabo preso que tem a culpa. Os Marín da vida, os Sanchez de plantão e, lamento dizer, os canastrões tipo Mano Menezes podem levar a vaca pro brejo, sim senhor. É melhor pôr as barbas de molho. Com essa seleçãozinha que não sai do medíocre - e o Mano tá aí há 18 meses! - não vamos a lugar nenhum. É triste, mas no momento até a Espanha é melhor que a gente, sim. E, curioso, faz uns 50 anos que o Uruguai não monta um time jeitoso. Ou você acha que a Celeste de 50 era esse timaço todo?
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