Diante do vergonhoso episódio da eleição de Renan Calheiros
para a Presidência do Senado, era de se esperar que todos os meios de comunicação
se manifestassem. Incrivelmente, isso não se deu. Para o sítio informativo
“Carta maior” foi como se nada tivesse acontecido. Há dias que assim tem sido. Nem
uma palavra sobre o tema.
Acontece que “Carta maior” quer ser como um órgão oficial do
governo petista. Nada que venha do Planalto lhes merece o menor reproche. As
alianças espúrias, o loteamento de ministérios, a acomodação de nulidades em
altos cargos em troca de apoio político, enfim, para tudo “Carta maior”
encontra justificativa. Mas convenhamos, inventar uma explicação para o apoio
do Governo à candidatura de Renan, e não cair no descrédito, exige muita
imaginação e tempo. Daí o silêncio que já dura dias.
Nem mesmo seu articulista, Gilson Caroni Filho, que já nos
explicou didaticamente o aperto de mãos entre Lula e Maluf, num artigo
intitulado “O purismo e o verdadeiro Maluf”, foi capaz de produzir outra pérola
de interpretação da realidade que faça-nos ver que o verdadeiro Renan é na
verdade outra pessoa. Sim, pois foi isso que fez no artigo citado.
Daquela vez, Gilson Caroni Filho começou sua dissertação
pondo-nos no nosso devido lugar. Dizia ele:_”O purismo tem que despertar da
frívola ciranda para a dura realidade do mundo adulto”. Mais adiante recorre a
uma metáfora para facilitar nossa compreensão:_”O papel de um operador político
do quilate do ex-presidente é semelhante ao do regente de uma orquestra. Não
faz a música, mas dá o compasso, define a harmonia do conjunto e tira de cada
instrumento o som mais adequado.” Que maravilha! Mas não foi só. Assim complementa o
artigo:_”Faltou dizer que o Maluf atual....
atende por outro nome: José Serra.” E nos pergunta: _”Será preciso desenhar?”
Ou seja, o Serra é o verdadeiro Maluf e o Maluf, uma
entidade que a Interpol tenta fazer manifestar-se em algum terreiro.
Gilson Caroni Filho criou uma nova ofensa para Serra: Maluf.
E para Maluf uma nova persona, sem passado, sem processos, sem ordem de prisão.
Um instrumento que solta sons ao gosto de Lula.
Este é o motivo do silêncio de “Carta maior”. Se seus
articulistas não conseguem nada melhor que isso, o melhor mesmo é não falar
nada.
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