sábado, 2 de fevereiro de 2013

Maluf, Renan e o Planalto



                Diante do vergonhoso episódio da eleição de Renan Calheiros para a Presidência do Senado, era de se esperar que todos os meios de comunicação se manifestassem. Incrivelmente, isso não se deu. Para o sítio informativo “Carta maior” foi como se nada tivesse acontecido. Há dias que assim tem sido. Nem uma palavra sobre o tema.
                Acontece que “Carta maior” quer ser como um órgão oficial do governo petista. Nada que venha do Planalto lhes merece o menor reproche. As alianças espúrias, o loteamento de ministérios, a acomodação de nulidades em altos cargos em troca de apoio político, enfim, para tudo “Carta maior” encontra justificativa. Mas convenhamos, inventar uma explicação para o apoio do Governo à candidatura de Renan, e não cair no descrédito, exige muita imaginação e tempo. Daí o silêncio que já dura dias.
                Nem mesmo seu articulista, Gilson Caroni Filho, que já nos explicou didaticamente o aperto de mãos entre Lula e Maluf, num artigo intitulado “O purismo e o verdadeiro Maluf”, foi capaz de produzir outra pérola de interpretação da realidade que faça-nos ver que o verdadeiro Renan é na verdade outra pessoa. Sim, pois foi isso que fez no artigo citado.
                Daquela vez, Gilson Caroni Filho começou sua dissertação pondo-nos no nosso devido lugar. Dizia ele:_”O purismo tem que despertar da frívola ciranda para a dura realidade do mundo adulto”. Mais adiante recorre a uma metáfora para facilitar nossa compreensão:_”O papel de um operador político do quilate do ex-presidente é semelhante ao do regente de uma orquestra. Não faz a música, mas dá o compasso, define a harmonia do conjunto e tira de cada instrumento o som mais adequado.” Que maravilha!  Mas não foi só. Assim complementa o artigo:_”Faltou dizer que o Maluf  atual.... atende por outro nome: José Serra.” E nos pergunta: _”Será preciso desenhar?”
                Ou seja, o Serra é o verdadeiro Maluf e o Maluf, uma entidade que a Interpol tenta fazer manifestar-se em algum terreiro.
                Gilson Caroni Filho criou uma nova ofensa para Serra: Maluf. E para Maluf uma nova persona, sem passado, sem processos, sem ordem de prisão. Um instrumento que solta sons ao gosto de Lula.
                Este é o motivo do silêncio de “Carta maior”. Se seus articulistas não conseguem nada melhor que isso, o melhor mesmo é não falar nada.


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