Hoje, eu teria preguiça até mesmo de folhear uma de nossas
revistas semanais. Só de imaginar sua abundância publicitária, as manchetes, as
capas querendo ser artísticas e geniais, me vem o sono mortal dos almoços
ajantarados, regados a caipirinhas. Algo próximo da indigestão sem a possibilidade
de um chá de louro ou um alka-seltzer.
Só às vezes, leio algo que é publicado nessas revistas e
mesmo assim quando estão reproduzidos na internet. Para dar vazão ao meu
masoquismo. Toda vez que isso acontece, me felicito pela aversão que tenho por
essas publicações e por não ter empenhado nenhum tostão na sua compra. Veja se
não tenho razão.
Em sua edição de 6 de fevereiro, Isto É publicou sob o
título “É carnaval na Renanlândia” uma matéria assinada por Sérgio Pardellas,
que começa assim: “O Carnaval foi antecipado em uma semana no município de Murici, localizado a 40 Km de
Maceió (AL). Na sexta-feira 1°, o Senado Federal reconduziu seu filho mais
pródigo, o Senador Renan Calheiros (PMDB), a um papel de proa na política
nacional.” Pronto. Embatuquei. Como assim “pródigo”? Corri ao Aulete para
recolher esse outro significado do termo, que eu desconhecia. Mas não. O pai
dos burros parecia ser tão ignorante quanto eu. Lá só encontrei as definições que já sabia 1- Que gasta demais; gastador; esbanjador. 2-
Que dá, distribui, faz ou emprega com profusão e sem dificuldade; generoso. 3-
Que produz muito, com facilidade (região pródiga); fecundo, fértil.
Ora, de esbanjador Renan não tem nada. É tão mão de vaca que
até a pensão que devia à sua ex-amante, com quem teve uma filha, era paga por
terceiros, segundo denúncia do Ministério Público.
Nenhuma das outras definições se afasta da primeira e tampouco calham com a imagem pública do Senador. Estava na cara que o jornalista quis
dizer outra coisa. Talvez quisesse dizer: seu filho mais famoso ou mais
influente. Mas não. Preferiu tirar de seu bornal de proparoxítonos o pomposo
vocábulo e lhe saiu esse estropício.
Além dos profissionais da imprensa, todos detentores de
diplomas universitários, e dos amadores semi-alfabetizados que cismam em
escrever blogs, há também outros redatores que tentam fazer do português uma
língua incompreensível.
Depois da tragédia de Santa Maria, uma casa noturna de Juiz
de Fora (MG) postou uma nota nas redes sociais que procurava (imagino) tranqüilizar
seus clientes. Dizia o panfleto eletrônico que naquele estabelecimento não
havia perigo de passar algo semelhante ao acontecido na boate Kiss, pois ali as
regras de segurança eram respeitadas e eles não contratavam grupos sertanejos.
A piadinha fora de hora deixou muita gente indignada e foi preciso redigir
outra nota pedindo desculpas. Num determinado trecho da 2ª missiva, lemos essa
preciosidade: “Mas cabem aos responsáveis por cada um desses espaços as medidas
para minimizarem ao máximo possíveis problemas.”
Confesso que não sei se tal forma é possível ou não, mas não
pude suportar. Tomei duas aspirinas e pensei na antonímia: maximizar ao mínimo.
Continuou não fazendo sentido.
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