sábado, 9 de fevereiro de 2013

Minimizando os erros ao máximo



                Hoje, eu teria preguiça até mesmo de folhear uma de nossas revistas semanais. Só de imaginar sua abundância publicitária, as manchetes, as capas querendo ser artísticas e geniais, me vem o sono mortal dos almoços ajantarados, regados a caipirinhas. Algo próximo da indigestão sem a possibilidade de um chá de louro ou um alka-seltzer.
                Só às vezes, leio algo que é publicado nessas revistas e mesmo assim quando estão reproduzidos na internet. Para dar vazão ao meu masoquismo. Toda vez que isso acontece, me felicito pela aversão que tenho por essas publicações e por não ter empenhado nenhum tostão na sua compra. Veja se não tenho razão.
                Em sua edição de 6 de fevereiro, Isto É publicou sob o título “É carnaval na Renanlândia” uma matéria assinada por Sérgio Pardellas, que começa assim: “O Carnaval foi antecipado em uma semana no  município de Murici, localizado a 40 Km de Maceió (AL). Na sexta-feira 1°, o Senado Federal reconduziu seu filho mais pródigo, o Senador Renan Calheiros (PMDB), a um papel de proa na política nacional.” Pronto. Embatuquei. Como assim “pródigo”? Corri ao Aulete para recolher esse outro significado do termo, que eu desconhecia. Mas não. O pai dos burros parecia ser tão ignorante quanto eu. Lá só encontrei as definições  que já sabia  1- Que gasta demais; gastador; esbanjador. 2- Que dá, distribui, faz ou emprega com profusão e sem dificuldade; generoso. 3- Que produz muito, com facilidade (região pródiga); fecundo, fértil.
                Ora, de esbanjador Renan não tem nada. É tão mão de vaca que até a pensão que devia à sua ex-amante, com quem teve uma filha, era paga por terceiros, segundo denúncia do Ministério Público.
                Nenhuma das outras definições se afasta da primeira e tampouco calham com a imagem pública do Senador. Estava na cara que o jornalista quis dizer outra coisa. Talvez quisesse dizer: seu filho mais famoso ou mais influente. Mas não. Preferiu tirar de seu bornal de proparoxítonos o pomposo vocábulo e lhe saiu esse estropício.
                Além dos profissionais da imprensa, todos detentores de diplomas universitários, e dos amadores semi-alfabetizados que cismam em escrever blogs, há também outros redatores que tentam fazer do português uma língua incompreensível.
                Depois da tragédia de Santa Maria, uma casa noturna de Juiz de Fora (MG) postou uma nota nas redes sociais que procurava (imagino) tranqüilizar seus clientes. Dizia o panfleto eletrônico que naquele estabelecimento não havia perigo de passar algo semelhante ao acontecido na boate Kiss, pois ali as regras de segurança eram respeitadas e eles não contratavam grupos sertanejos. A piadinha fora de hora deixou muita gente indignada e foi preciso redigir outra nota pedindo desculpas. Num determinado trecho da 2ª missiva, lemos essa preciosidade: “Mas cabem aos responsáveis por cada um desses espaços as medidas para minimizarem ao máximo possíveis problemas.”
                Confesso que não sei se tal forma é possível ou não, mas não pude suportar. Tomei duas aspirinas e pensei na antonímia: maximizar ao mínimo. Continuou não fazendo sentido.

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