O crime chamou a atenção mesmo nesses dias violentos que
vivemos. Um casal de policiais foi assassinado dentro da casa de ambos
juntamente com duas idosas da família. Como principal suspeito está o filho
adolescente de 13 anos que teria se suicidado várias horas depois que perpetrou
a chacina.
Peritos e legistas divergem em altíssimo grau. Os peritos,
apostando no seu olfato, garantem que as idosas teriam sido mortas primeiro
pelo que denotava o odor mais forte no
quarto delas. Bem, eu que sou leigo em perícias, assim como em tudo, posso
imaginar pelo menos meia dúzia de razões para que o odor fosse mais pronunciado
no quarto das idosas.
Quanto aos peritos, esses afirmam que o policial teria
morrido pelo menos 10 horas antes das outras vítimas. Mas então o que faziam
essas 3 mulheres adultas, que dividiam um pátio comum numa residência de
pequenas dimensões, que não perceberam a falta dele nem encontraram o cadáver?
Estariam em cárcere privado? A localização dos corpos não sugere isso.
Talvez o mais estranho desse caso foi o que disse o delegado
que o investiga. O doutor delegado apressou-se em esclarecer que a polícia
acredita que o crime foi executado pelo garoto que se suicidara depois. Disse
que esse rápido esclarecimento se fazia necessário para não haver um banho de
sangue na cidade. Nunca uma autoridade foi tão explícita para mostrar como agem
nossas polícias.
Não havia passado nem uma semana do crime brutal e outro
policial, dessa vez um guarda municipal, foi morto junto com sua companheira na
casa em que moravam. Nesse caso os indícios são de execução. Um tiro na cabeça
de cada um e outro no filho do casal.
Para corroborar a hipótese de execução, a reportagem relatou
que nada fora roubado da residência, exceto os 2 carros do casal. Pois é, o
cara é guarda municipal e a família possui 2 carros. Nem os jornalistas nem a
polícia aventaram a possibilidade de o guarda municipal estar envolvido em
atividades ilegais assim como fazem no caso do desaparecimento de Amarildo. De certo
crêem que ele é um sujeito econômico e pode assim comprar 2 carros para uma família
de 3 pessoas. Amarildo que, segundo a polícia, trabalha no lucrativo negócio do
tráfico vive miseravelmente num minúsculo barraco que sequer possui janelas.
Bem, era aqui que eu queria chegar. No desaparecimento de
Amarildo.
Autoridades da Polícia Militar do Rio dizem não acreditar no
envolvimento de membros da corporação no episódio. Simples assim: não acreditam.
Um delegado já expediu um pedido de prisão para a mulher de Amarildo por
envolvimento com o tráfico de drogas. Baseou-se no relato de uma suposta vítima
do tráfico que saíra viva de uma sessão de tortura. O denunciante aparece com o
rosto oculto na tela da TV e assim você e eu não podemos identificá-lo. Mas e
os traficantes, não sabem quem eles teriam torturado e deixado com vida?
A versão policial para o desaparecimento de Amarildo seria
mais ou menos assim: Amarildo e sua mulher trabalhariam para o tráfico. Os traficantes
desconfiaram que Amarildo fosse dedo-duro e o teriam assassinado. Sua mulher
simula desconhecer o fato e bota a boca no trombone tentando incriminar a
valorosa Polícia Militar e com isso atrai mais polícia para o morro que agora
está na mira das reportagens das TVs e dos jornais. A maior sujeira. O tráfico parado.
Para quê Bete, a mulher de Amarildo,
faria isso? Para que ninguém soubesse que os traficantes matam pessoas? Para
incriminar a polícia que goza de tanta credibilidade na sociedade? Para
aparecer no Fantástico?
Arma-se mais uma farsa.
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