domingo, 24 de novembro de 2013

As escolhas do PT


Em 1985 o PT fez uma escolha importante nas eleições para o governo do Rio: preferiu lançar candidatura própria e não apoiar Darcy Ribeiro, candidato do então governador Leonel Brizola. Os petistas diziam que Brizola era populista e Darcy autoritário. O sindicato dos professores do Rio, dominado pelo Partido dos Trabalhadores, concordava totalmente com essa análise e ia além. Os Cieps, principal realização do governo Brizola sob inspiração de Darcy, eram menosprezados pelos mestres. Segundo eles a escola carioca de tempo integral carecia de projeto pedagógico. Para aqueles burocratas de sindicato, Darcy não tinha um projeto pedagógico
Darcy perdeu a eleição e o povo fluminense deixou de ter o primeiro e único governador na história do país ligado à educação. Claro, os votos que foram dados ao PT não seriam suficientes para dar a vitória à Darcy caso o partido de Lula o tivesse apoiado, mas aqui estou falando de escolhas. De optar-se por que lado do balcão se quer estar.
O vencedor daquela eleição foi o carreirista Moreira Franco que disputou o pleito pelo PDS e que hoje é chefe da Secretaria de Aviação Civil do governo Dilma.
Anos mais tarde o PT fez outra escolha importante na sua história: escolheu apresentar seu candidato à presidência, Luis Inácio da Silva, como um novo candidato. De barba aparada e terno bem cortado, ele foi alcunhado de Lulinha paz e amor.
A candidatura veio acompanhada por carta aberta que tinha como alvo a calma dos mercados. Essa escolha trouxe outras em seu bojo, como, por exemplo, a contratação do marqueteiro Duda Mendonça para comandar os aspectos propagandísticos da campanha. Aliás, o banho de loja e barbearia foi idéia de Duda.
Optou-se também por uma política de alianças das mais heterodoxas. Vencidas as eleições, com o apoio do PMDB, PL, PTB, PMN e PP, Lula iniciou seu governo com a reforma da previdência já esboçada no governo de FHC. Essa reforma, a única posta em prática pelo governo de Lula, trouxe prejuízos consideráveis aos trabalhadores. De lá pra cá foi uma no cravo e outra na ferradura.
Se por um lado o governo encabeçado pelo PT lançou políticas sociais que melhoraram as condições de vida de milhões de brasileiros, por outro, as reformas mais importantes para o país foram esquecidas.
A reforma agrária continuou no mesmo passo de tartaruga que os governos anteriores haviam adotado, chegando-se ao ponto do atual governo da Presidenta Dilma só estar à frente nesse quesito do infame governo de Fernando Collor de Merda.
O que assistimos hoje no campo, é uma mudança de estratégia dos robustecidos latifundiários que, no vácuo deixado pelo governo, partem para a ofensiva sobre terras indígenas, quilombolas e de preservação, como há muito não se via. A porta voz dos ruralistas, como eufemisticamente deu-se de chamar os latifundiários, senadora Kátia Abreu, mudou de partidos duas vezes, apenas nesse ano, para estar na base do governo.  Do oposicionista DEM transferiu-se para o partido de Kassab que não é nem de direita nem de esquerda nem governo nem oposição e deste para o saco de gatos gordos que é o PMDB, maior partido da base de sustentação do governo.
Como é agora situação, a líder do atraso rural e mental exige a demissão do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e ameaça com derramamento de sangue de índios e sem terras. O morticínio indígena já começou e suas lideranças vão sendo vítimas do terror dos senhores feudais que dominam o campo brasileiro.
Pode-se dizer que essas mortes são outra escolha do PT.



2 comentários:

  1. Caraca, um pouco forte. Sou leitor assiduo deste blog e conheco o autor a decadas, ele sempre soube mais do que eu, as veses ate sobre mim mesmo ( nao e preciso nem mencionar/comparar o conhecimento da lingua, ne ? ) Agora, para abismar ainda mais nossos saberes e diseres, lhe pergunto, meu caro JG : e se nao fosse o PT, o Lula, a Dilma ? o que teria sido do nosso Brasil ?

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