Já sabemos que o que a revista Veja publica tem pouca ou
nenhuma credibilidade. Seus colunistas parecem ter saído dos anos 50 com seus
delírios anticomunistas, seus editoriais poderiam ter sido escritos por generais
de pijama no ócio dos asilos e o tom panfletário de suas notícias não deixa
dúvida sobre o direcionamento que se pretende dar aos fatos, sejam eles
corriqueiros ou de grande impacto social.
Como é fim de ano, época em que a criatividade jornalística
entrega os pontos, Veja publicou sua listinha. Todos publicam listinhas no fim
do ano. A de Veja é um “ranking”. Com o nome de “Ranking do Progresso”, a
revista listou os senadores e deputados e lhes conferiu notas. O trabalho foi
confeccionado pelo Núcleo de Estudos sobre o Congresso do Instituto de Estudos
Sociais e Políticos da Universidade do estado do Rio de Janeiro. Os critérios
para a aferição (não me pergunte quais) são da própria Veja.
Liderando a lista da Câmara Alta, com nota 10, está o senador
Eduardo Amorim do PSC de Sergipe. Confesso que nunca ouvi falar do senador
sergipano. Apenas sei que seu partido é uma dessas excrescências do nosso
quadro político e na última campanha eleitoral comprovou isso. Creio que foi o
partido que mais apresentou pastores e bispos de araque como candidatos. Todos
com o mesmo discurso moralista, homofóbico e fundamentalista. Se entre os
critérios da revista para pontuação estivesse a defesa dos direitos humanos, nenhum
político dessa legenda poderia obter a nota máxima. Mas, convenhamos, esse
jamais seria um critério adotado por Veja.
Por outro lado, Cristóvão
Buarque do PDT do DF com nota de 0,33 ocupa a 72ª posição. Ora, Buarque é a
única figura política que tem como prioridade a educação. Desde as mortes de
Darcy Ribeiro e Brizola, sua voz soa solitária no deserto de idéias que é a nossa
política partidária. Sua participação na Comissão de Educação do senado é de
destaque. Buarque tem planos, projetos e os defende com ardor e inteligência. Sem
embargo, só mereceu da revista Veja uma pontuação de aluno relapso e burro. Na
avaliação da revista, Buarque fica atrás, por exemplo, de Magno Malta e seus
coices e relinchos. A defesa da educação tampouco é critério que Veja usa em
suas avaliações de políticos. Disso não há dúvidas.
No sétimo posto do “ranking” encontramos o senador do PDT de
Minas Gerais, Zezé Perrela.
O nome de Perrela (dono do helicóptero que transportava 450
quilos de farinha e que foi apreendido pela Polícia Federal numa operação sem
nenhum desdobramento) ocupando tão honrosa posição, já seria motivo de sobra para
o riso geral e mais uma prova que a Revista Veja não merece nenhum crédito. Nem
para fazer listinhas serve.
Mas o que realmente foi motivo de comentários foi a última
colocação de Aécio Neves com nota zero. O único senador a não pontuar.
A própria revista tratou de explicar o zero do mineiro, mas
não conseguiu convencer nem seus próprios leitores. A revista citou a campanha
como motivo da nota. Ora, Lindbergh Farias, também estava em campanha e, no
entanto, ficou no segundo posto do “ranking” com nota 9,53.
Agora, cá entre nós, nada seria de estranhar num “ranking”
promovido por Veja. O que, sim, causa estranheza é ver e ler muita gente da
esquerda usando-o para fustigar Aécio. Ora, Aécio já foi derrotado e não há
quem cuide melhor de sua desmoralização política do que ele mesmo. Usar algo
publicado por Veja para qualquer fim é pura bobagem. É dar milho a bode.
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