sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Globalização

                                      

                                         




Nosso ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso não é homem mal humorado. A carranca que hoje ostenta é postiça, faz parte da indumentária de sábio, professor e prócer. Na verdade FHC é homem de riso fácil se a anedota é boa.. Mas o que a vaidade, sua marca registrada, lhe esconde é que ele não foi feito para a graça. Isso acontece.     
Muitos de nós somos como ele. Sabemos receber, mas, não possuímos o dom de dar quando de graça se trata. Muitas vezes não nos damos conta disso e o resultado são os apresentadores de televisão. Como explicar o Marcelo Tass senão por esta ótica?
Todos lembramos os discursos de improviso de FHC principalmente quando eram feitos diante do “povão” (a turma do Fernando deve usar esta expressão).Sempre lhe escapava a mão e no dia seguinte a imprensa tinha do que falar. Ele já chamou aposentado de vagabundo, e em uma favela disse que vida de rico era muito chata e que vida de pobre é que era divertida. (Qué trocá dotô?) Mas, as vezes, ainda que sem nenhuma sutileza, dizia lá suas verdades. Foi assim que uma vez ao referir-se não me lembro bem a que, disse que o brasileiro era muito caipira.A frase não carregava nada de pejorativo mas como era véspera de campanha política, muita gente esqueceu o contexto e demagogicamente o atacou.
Mas tinha, o então presidente, muita razão. È só ligar a televisão ou ler os comentários postados na internet para dar-lhe crédito. Brasileiro é muito caipira e outros povos também o são. Veja os americanos e sua relação com o resto do mundo. Claro que eles vão pro lado da soberba e acreditam que se o mundo não for como sua aldeia é porque o mundo está errado. Nós vamos na direção oposta. Tanto é assim que a classe média cunhou uma expressão que é o cúmulo do servilismo cultural. Basta que haja um mínimo de criatividade, inventividade ou visão independente por parte de brasileiros que escuta-se a frase: _ “Se só tem no Brasil e não é jaboticaba, algo está errado”Mais tolo que isso só mesmo a visão que nossas elites e classes médias têm da  globalização
Se Santos Dumont, Carlos Chagas ou Manuel de Abreu vivessem os nossos dias seriam vítimas da frase estúpida. Mas tem coisa pior. É o vocabulário.
Dia desses, minha mulher e eu resolvemos que tínhamos que nos atualizar e nos dispusemos a assistir o rock in rio. Sintonizamos justamente no intervalo entre duas apresentações e pudemos ouvir a entrevista que era feita à Claudia Leite direto do “back stage’. Gostaria de reproduzir o diálogo, mas, do inglês só tenho vagas noções.A cada duas frases as entrevistadoras ou a entrevistada  metiam uma expressão nesse idioma . O triste é que apenas substituíam  palavras e frases comuns em português por outras em inglês.Assim que bastidores virava back stage. Mudamos de canal para ver um programa que tratava de novos editores que haviam feito coletâneas dos contistas da geração “00”. Se por um lado o linguajar fosse um pouco melhor, os conceitos iam na mesma direção. E era gente de letras. Para essa gente, globalização é engolir sem mastigar qualquer coisa que venha de fora,de preferência em idioma inglês. Não há troca, não há o conceito antropofágico de Mário e Oswald.  É engolir e pronto.Mas você me dirá que sempre foi assim e talvez até cite Noel que lá nos anos trinta já nos alertava que “o cinema falado é o grande culpado da transformação”. Pode ser, mais hoje está demais. E parafraseando o Poeta da Vila eu diria que a tv à cabo é a grande culpada pela tolice nacional. E que alô boy, alô Johnny só pode ser conversa de internet.        
                           

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