sábado, 15 de outubro de 2011

Motivos

                                                  


Dois motivos me levaram a fazer este blog. Primeiro porque gosto de conversar e segundo porque meu computador completa maioridade este ano e já estava na hora de assumir responsabilidades antes que se torne incompatível com o resto do mundo tecnológico. Minha mulher diz que não é para tanto e que a placa mãe já foi trocada etc e tal. Não vou discutir com ela por pouca coisa, mas, acho que o que temos é uma placa avó. Seja como for, tem me servido esses anos todos. Ainda que com fases rebeldes. Coisas da adolescência. Alguns meses atrás, só pegava no tranco. Acendia quando queria e se queria conectava a internet.
Os caras que nos venderam o aparelho lá no século passado, são os responsáveis pela sua sobrevida. Espécie de médicos de família. Não pretendo troca-lo tão cedo. Enquanto acenda as luzezinhas vai continuar trabalhando.
Quando digo que não pretendo troca-lo, não é por apego nem nada pelo estilo: é dureza mesmo. Alem do mais não sou consumista nem novidadeiro. Se todos tivessem os meus hábitos de consumo o mundo teria menos lixo e muito mais gente desempregada.
Por isso é que se você pensa que eu vou fazer pregação anti-consumo, aqui ó! Não se pode falar nisso sem pensar em como dar emprego a todos que ganham a vida graças ao consumismo exagerado de nossos dias.
Até a década passada a zona franca de Manaus tinha na montagem de televisores, o carro chefe de sua economia. Hoje são os aparelhos de telefone celular. Desses que as pessoas trocam a cada seis meses e conforme a classe social, possuem dois, três e até mais. Já temos mais linhas telefônicas de aparelhos móveis do que habitantes. Já imaginou se esta gente põe a mão na consciência e deixa de ser babaca? O desemprego se alastraria nesse país. Pois se por um lado somos exportadores de produtos primários, somos fabricantes e consumidores de bens de consumo e bens duráveis. Bens de produção ainda não são nosso forte.
Mas um dia a casa cai. O planeta não tem capacidade de gerar tantos recursos naturais quanto se demandará em pouquíssimo tempo com o aumento de consumo dos países em desenvolvimento e o a manutenção dos mesmos níveis de apropriação dos países desenvolvidos. O que fazer?
Na minha humilíssima opinião não há outra saída senão um retorno ao campo. Produzir alimentos para suprir postos de trabalho que serão extintos seja pela baixa da demanda devido às crises econômicas, seja pela diminuição consciente do consumo. A geração de emprego no campo exige menos investimento e emprega mão de obra de todo grau de qualificação. Mas aí chega-se ao impasse. Terra. Para enfrentar os problemas do século vinte e um, o Brasil precisa resolver seu problema do século dezesseis. Concentração fundiária. E aí, meu amigo, só com reforma agrária profunda e radical.
Não é mais possível ver as melhores terras do país cobertas de plantio de soja para exportação. De cana de açúcar para produção de combustível. O que necessitamos é produzir alimentos para o mercado interno e termos excedentes para exportar. Sempre haverá demanda por alimentos por pior que seja a crise. Há um continente inteiro por alimentar e não estou falando da Europa.
A Cristina Kirchner lançou um programa de desenvolvimento tecnológico agrícola na Argentina para fazer daquele país o maior exportador de grãos do mundo nos próximos vinte anos. Se seu plano incorpora a idéia da reforma agrária eu não sei. O que sei é que aqui os produtores rurais se vangloriam dos constantes recordes de produção e de terem sido a âncora verde da economia brasileira nos últimos tempos. Isso quando não estão chorando por mais e mais recursos públicos e políticas de incentivo.
Hoje quando se discute a reforma política, que alguns políticos chamam de mãe de todas as reformas, fico pensando quando haverá no congresso brasileiro, menos latifundiários e mais trabalhadores para que enfim, se discuta uma verdadeira reforma agrária que possibilite ao país acabar com as capitanias hereditárias e entrar no século vinte e um.

Um comentário:

  1. Sorte minha a de lhe ter por perto.
    Sorte de todos agora de poder lhe ouvir!
    Cuqui

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