sábado, 28 de janeiro de 2012

Três mulheres







No Brasil temos a cantora mais bonita do mundo. Não da atualidade ou da música popular. Temos a cantora mais bonita do mundo em todos os tempos e estilos. Minha única dúvida quando faço tal afirmação vem do fato de eu não conhecer muitas divas do canto lírico. Já vi uma soprano russa que é um negócio, mas mesmo assim fico com a brasileira. Fazendo as contas tento mensurar sua idade. Quando me casei, em 84,  ela estava fazendo sucesso. Se tivesse 17 anos naqueles tempos, hoje teria 44. Nos nossos dias uma mulher dessa idade corresponde à mulher de 30 anos dos tempos de Balzac. E ganham nossas contemporâneas em vivência e frescor.
Sei que é uma grosseria falar da idade das damas. Nelson Rodrigues já nos dizia que quem estivesse na cama com Cleópatra ou Madame Pompadour, jamais se lembraria de perguntar sua idade. Se tomo tal liberdade é porque para mim os anos servem de adorno, quando de mulher bonita se trata. Alem do mais, nunca fui para a cama com Paula Toller, mas infelizmente, não posso provar isso.


Roseana Sarney já é avó. Avó de neto grande. Sei disso porque da última vez que a herdeira política do clã Sarney foi notícia, esta tratava de um acidente que a governadora sofrera ao cair do skate do neto.
O poeta Ferreira Gullar a chamou de anjo quando teve seu nome dado a uma rua de São Luís pela então prefeita Roseana. Pode parecer que o poeta se referia ao fato de que só por intervenção divina ou ação de um anjo, uma rua da capital maranhense já não tivesse sido batizada com o sobrenome do clã que domina, desde os tempos das caravelas, aquele estado. Mas não. Acontece que o vate deixou-se inebriar pelo discreto charme que só algumas poderosas de direita têm.
Mas o que distingue a filha dileta do último coronel, das outras? O cabelo liso e negro que lhe emoldura o rosto? O gesticular pausado e enérgico?  Não. Sem sombra de dúvida é o corte trágico da boca.  Sem que a tragédia tenha se abatido sobre o ditoso clã, ela trás do berço algo de Medéia, de Antígona. Roseana parece estar sempre mais perto do choro que do sorriso. E quando sorri é como se estivesse nos presenteando com algo raro. Algo assim como uma dádiva.
Anos atrás, quando sua pré-candidatura à presidência foi abortada por um escândalo de captação de recursos de campanha fora dos prazos estipulados e a origem da grana encontrada em sua propriedade era suspeita, o cineasta Arnaldo Jabour, comentando o episódio, disse que o pecado de Roseana era ter casado com o homem errado. Ainda que saibamos que Jabour faz análises muito confusas sobre tudo que lhe aparece pela frente, nesse caso creio que ele foi iludido pelo sorriso triste da herdeira. Achar que Roseana, cobra criada no sertão, não seja dona e senhora de seus passos, só tendo a vista turvada mais que o habitual.


Inteligente, gostosinha, entende de futebol e fuma maconha. A mulher ideal? Talvez. Se não fosse a política.
Nada tenho contra quem se dedica a fazer leis e fiscalizar o executivo. Pelo contrário. Quem faz isso bem, merece todos os elogios pois alem de suas tarefas, ainda tem de conviver com a estupidez e ganância desmedidas dos outros políticos.
Quando entrou na vida pública, Soninha levou para o parlamento paulistano um pouco de frescor. Via-se nela algo diferente dos políticos tradicionais. Passou o tempo e hoje Sônia Francini é uma política tão tradicional como qualquer outro. Tem como aliados, Serra, Alkimim e Kassab.
A última vez que soube dela foi por ocasião do lançamento do livro de Amaury Ribeiro Jr, sobre a privataria tucana. Mas ela não comentava o livro e sim fazia revelações sobre seu tempo nas fileiras do PT. Dizia a musa futebolística, que quando era vereadora, seu partido de então cobrava caixinha dos funcionários dos gabinetes. Só não explicou porque não falara nada no momento e nem depois que saiu do PT, fato acontecido anos atrás. Soninha fez assim sua entrada, nada triunfante, na operação cortina de fumaça.
Durante a campanha eleitoral ela escrevera em seu blog que a imprensa andava privilegiando a candidatura de Dilma em detrimento de Serra e Marina Silva. Citava uma edição do Correio Brasiliense para justificar sua afirmação. Mas só alguém que não lesse outra coisa alem de seu blog, poderia acreditar em tal coisa. Soninha estava subestimando nossa capacidade de ver o óbvio.
 Ela continua inteligente. Sempre que ouço suas opiniões em reportagens ou documentários, sou surpreendido com sua visão aguçada e nada convencional. Também segue gostosinha e suas fotos nua para uma revista, não me deixam mentir. Se ainda fuma um, eu não sei. Ela afirma que não. Mas o mais importante é que, uma vez aprendida, ninguém esquece da regra do impedimento.








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