A historinha exemplar é velha e conhecida de todos, mas não
custa repetir: O padre morre na zona, nos braços da puta. O que há aí, de
notícia? Certamente não é a puta, que se encontrava no seu lugar de trabalho
exercendo sua profissão milenar. A notícia é o padre.
É o mesmo que vemos agora no julgamento do mensalão.
Roberto Jefferson e seu partido, se é que se pode chamar
assim, receberam, de porteira fechada, os Correios em contrapartida de uma aliança
política das mais espúrias. Jefferson
resolveu explorar uma das maiores estatais do país do seu modo. Até uma criança
de colo sabe como é o modo Jefferson de administrar a coisa pública. Mas aqui,
a notícia não é Jefferson (este, conhecemos desde o programa popularesco de TV
que o projetou) e sim a política de alianças do PT. Quem faz aliança com
Roberto Jefferson pode esperar o que?
A história da entrega dos Correios ao ex-gordo e ex-deputado
e suas conseqüências, merece ser
relembrada, pois os petistas perderam a memória repentinamente. Mas você deve
se lembrar das imagens mostradas um milhão de vezes no horário nobre das TVs:
Os arapongas, o petequeiro, que cita Jefferson ao receber “um qualquer”, o
ex-gordo na CPI, suas acusações contra José Dirceu. Os réus confessos, Silvinho
Pereira e sua Land Rover, Delúbio e sua fazenda. Duda Mendonça confessando que
recebeu dinheiro fora do país por serviços de propaganda prestados aqui e etc e
etc.
O partido de Lula, que em determinada época de sua
existência, recusava-se a fazer alianças com o comunismo histórico e com Leonel
Brizola, agora, é uma casa da Mãe Joana. Seus aliados preferenciais são José
Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor de Merda, Waldemar da Costa Neto,
Roberto Jefferson e, para assombro dos ingênuos, Paulo Salim Maluf.
Não custa também relembrar o apoio do PT a Sarney no caso
dos “atos secretos do Senado”. Nomeações irregulares, nepotismo, abuso de
poder. Tudo gravado nas mais singelas conversas telefônicas entre o último
coronel e sua prole. A oposição pedia a destituição de Sarney da presidência do
Senado. O caso era simples. Mas com o apoio do PT, Sarney saiu ileso. Continuou
presidindo a casa e nem teve de dar muitas explicações. Tudo em nome da
governabilidade.
O mesmo havia se passado com Renan Calheiros.
No primeiro caso de
terceirização de pensão alimentícia que se teve notícia, Renan tinha suas
obrigações para com uma filha que teve fora do casamento, pagas por uma
empresa. Para se defender, o deputado usou até notas fiscais frias, mas o
processo por falta de decoro parlamentar morreu nos votos secretos do plenário
da Câmara, com o auxílio luxuoso de seus aliados petistas. Se tivesse sido
reeleita, a ex-deputada Ângela Guadagnin teria dançado sua grotesca dança da
pizza em homenagem ao companheiro Renan, como já fizera para o Deputado João
Magno.
Só para demonstrar que a prática não é tão incomum, consta
dos autos da Ação Penal 470, que a ex-mulher de José Dirceu conseguiu um
emprego no BMG, durante o auge do esquema. Maria Ângela da Silva Saragoça,
também levantou um papagaio no Banco Rural e vendeu seu apartamento para
Rogério Tolentino, advogado das empresas de Marcus Valério e seu sócio em
outras transas. Mesmo assim, os petistas mais fanáticos dizem que não há, nos
autos, nenhuma prova que Zé Dirceu seja o mentor do esquema de compra e venda
de apoio parlamentar. Como se algo
pudesse acontecer dentro do PT sem, pelo menos, a anuência do Czar Zé Dirceu.
Os petistas querem que acreditemos que Zé Dirceu, Ministro
da Casa Civil e responsável pela articulação política do governo, nada sabia das
operações de Delúbio, o gênio. Que o financiamento a partidos e parlamentares foi
feito sem seu conhecimento. Dos empréstimos fictícios, dados ao Partido dos
Trabalhadores pelo Banco Rural e assinados por José Genuíno como seu presidente,
Dirceu, também nada saberia.
Na CPI dos Correios, Delúbio sempre se referiu ao dinheiro
público que era usado para comprar apoio parlamentar, como doações não
contabilizadas. (Se você se lembrou da operação Uruguai de Fernando Collor de
Merda, lembrou bem). Assumindo um crime menor, o professor (espero que não seja
de português) tinha, na época, certeza que tudo seria esquecido e viraria piada
de salão, segundo suas próprias palavras. Não foi assim.
Hoje, não podendo defender os acusados no caso do mensalão
sem que isso pareça uma ofensa à inteligência das pessoas, os petistas usam a
tática de acusar os julgadores. Falam de julgamento político esquecendo-se que
a maioria dos Ministros que hoje compõem o STF, foi indicada por Lula ou por
Dilma. Defendem as posições de Lewandowisk, sem mencionar que quem sempre o
acompanha nos votos é o Ministro Toffoli, que sequer teve a honradez de
pronunciar-se inapto para julgar o caso devido à sua proximidade com Zé Dirceu
e a alta cúpula do PT, para quem advogou em passado recente.
Outro argumento risível dos atuais petistas é que o STF está
a serviço das elites descontentes com o modo petista de governar. O companheiro
Sarney concorda. O companheiro Maluf anui.
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