segunda-feira, 19 de novembro de 2012

E não falo mais no assunto


                A historinha exemplar é velha e conhecida de todos, mas não custa repetir: O padre morre na zona, nos braços da puta. O que há aí, de notícia? Certamente não é a puta, que se encontrava no seu lugar de trabalho exercendo sua profissão milenar. A notícia é o padre.
                É o mesmo que vemos agora no julgamento do mensalão.
                Roberto Jefferson e seu partido, se é que se pode chamar assim, receberam, de porteira fechada, os Correios em contrapartida de uma aliança política das mais espúrias.  Jefferson resolveu explorar uma das maiores estatais do país do seu modo. Até uma criança de colo sabe como é o modo Jefferson de administrar a coisa pública. Mas aqui, a notícia não é Jefferson (este, conhecemos desde o programa popularesco de TV que o projetou) e sim a política de alianças do PT. Quem faz aliança com Roberto Jefferson pode esperar o que?
                A história da entrega dos Correios ao ex-gordo e ex-deputado e suas conseqüências,  merece ser relembrada, pois os petistas perderam a memória repentinamente. Mas você deve se lembrar das imagens mostradas um milhão de vezes no horário nobre das TVs: Os arapongas, o petequeiro, que cita Jefferson ao receber “um qualquer”, o ex-gordo na CPI, suas acusações contra José Dirceu. Os réus confessos, Silvinho Pereira e sua Land Rover, Delúbio e sua fazenda. Duda Mendonça confessando que recebeu dinheiro fora do país por serviços de propaganda prestados aqui e etc e etc.
                O partido de Lula, que em determinada época de sua existência, recusava-se a fazer alianças com o comunismo histórico e com Leonel Brizola, agora, é uma casa da Mãe Joana. Seus aliados preferenciais são José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor de Merda, Waldemar da Costa Neto, Roberto Jefferson e, para assombro dos ingênuos, Paulo Salim Maluf.
                Não custa também relembrar o apoio do PT a Sarney no caso dos “atos secretos do Senado”. Nomeações irregulares, nepotismo, abuso de poder. Tudo gravado nas mais singelas conversas telefônicas entre o último coronel e sua prole. A oposição pedia a destituição de Sarney da presidência do Senado. O caso era simples. Mas com o apoio do PT, Sarney saiu ileso. Continuou presidindo a casa e nem teve de dar muitas explicações. Tudo em nome da governabilidade.
                O mesmo havia se passado com Renan Calheiros.
                No primeiro caso de terceirização de pensão alimentícia que se teve notícia, Renan tinha suas obrigações para com uma filha que teve fora do casamento, pagas por uma empresa. Para se defender, o deputado usou até notas fiscais frias, mas o processo por falta de decoro parlamentar morreu nos votos secretos do plenário da Câmara, com o auxílio luxuoso de seus aliados petistas. Se tivesse sido reeleita, a ex-deputada Ângela Guadagnin teria dançado sua grotesca dança da pizza em homenagem ao companheiro Renan, como já fizera para o Deputado João Magno.
                Só para demonstrar que a prática não é tão incomum, consta dos autos da Ação Penal 470, que a ex-mulher de José Dirceu conseguiu um emprego no BMG, durante o auge do esquema. Maria Ângela da Silva Saragoça, também levantou um papagaio no Banco Rural e vendeu seu apartamento para Rogério Tolentino, advogado das empresas de Marcus Valério e seu sócio em outras transas. Mesmo assim, os petistas mais fanáticos dizem que não há, nos autos, nenhuma prova que Zé Dirceu seja o mentor do esquema de compra e venda de apoio parlamentar.  Como se algo pudesse acontecer dentro do PT sem, pelo menos, a anuência do Czar Zé Dirceu.
                Os petistas querem que acreditemos que Zé Dirceu, Ministro da Casa Civil e responsável pela articulação política do governo, nada sabia das operações de Delúbio, o gênio. Que o financiamento a partidos e parlamentares foi feito sem seu conhecimento. Dos empréstimos fictícios, dados ao Partido dos Trabalhadores pelo Banco Rural e assinados por José Genuíno como seu presidente, Dirceu, também nada saberia.
               Na CPI dos Correios, Delúbio sempre se referiu ao dinheiro público que era usado para comprar apoio parlamentar, como doações não contabilizadas. (Se você se lembrou da operação Uruguai de Fernando Collor de Merda, lembrou bem). Assumindo um crime menor, o professor (espero que não seja de português) tinha, na época, certeza que tudo seria esquecido e viraria piada de salão, segundo suas próprias palavras. Não foi assim.
               Hoje, não podendo defender os acusados no caso do mensalão sem que isso pareça uma ofensa à inteligência das pessoas, os petistas usam a tática de acusar os julgadores. Falam de julgamento político esquecendo-se que a maioria dos Ministros que hoje compõem o STF, foi indicada por Lula ou por Dilma. Defendem as posições de Lewandowisk, sem mencionar que quem sempre o acompanha nos votos é o Ministro Toffoli, que sequer teve a honradez de pronunciar-se inapto para julgar o caso devido à sua proximidade com Zé Dirceu e a alta cúpula do PT, para quem advogou em passado recente.
               Outro argumento risível dos atuais petistas é que o STF está a serviço das elites descontentes com o modo petista de governar. O companheiro Sarney concorda. O companheiro Maluf anui.


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