Você, é claro,
viu no youtube o vídeo no qual o repórter da TV Azteca, do México, pergunta ao
diretor do filme “Gravidade” quais foram as dificuldades técnicas e humanas de
se filmar no espaço. O vídeo, que se tornou viral, fez com que o jornalista
fosse motivo de chacota em todo o mundo.
Não faço idéia
se no México, para exercer a profissão de jornalista é necessário ter o curso
superior em comunicação como era no Brasil até bem pouco tempo.
Aqui, tal
exigência foi abolida pelo Supremo, gerando uma onda de indignação por parte de
jornalistas como o veterano Alberto Dines que, apesar de não ser formado, é um
dos mais acerbos críticos da decisão do STF. Creio que parte da indignação veio
em conseqüência do voto do relator, Ministro Gilmar Mendes, que redigiu uma
peça horrorosa, com citações e comparações esdrúxulas. Mas o fato é que quase
todos os jornalistas que hoje exercem a profissão no Brasil são formados.
Exceção feita aos mais veteranos que começaram na carreira antes de vigorar a
exigência do diploma, no final dos anos 60.
Sou daqueles que
não vêem a necessidade da formação acadêmica para o exercício da nobre profissão.
Se não fosse a convicção que carrego há anos, os fatos me teriam convencido.
A
espessa estupidez do repórter mexicano não é algo alheio a nós brasileiros que
acompanhamos o jornalismo praticado em nossas TVs. Aqui também, o despreparo, a
falta de cultura geral, a subserviência e a burrice
pura e simples fazem parte do cotidiano dos programas informativos.
Ter Leilane
Neubarth, Raquel Sherazade ou Eduardo Grillo ancorando noticiários é o cúmulo
do desrespeito ao telespectador. Sem falar nos comentários “especializados” de Carlos
Alberto Sardenberg, Alexandre Garcia e Merval Pereira, entre outros. Mas tem
pior.
Talvez, pelo
próprio despreparo dessa gente, só lhes seja possível fazer o que fazem, ou
seja, servir de voz aos interesses mais subalternos, aos jogos políticos mais
oportunistas, à desinformação programada. São bonecos de ventríloquo que crêem ter
opinião.
Nas manifestações
que têm ocorrido em todo o país, esses jornalistas de comédia pastelão andam
perdidos. Tão perdidos quanto seus patrões que já não sabem o que fazer para
transformar a ira dos jovens mascarados em algo útil para seu propósito de
desestabilizar o governo.
Uma mostra disso
foi a participação do dublê de cineasta e palpiteiro, Arnaldo Jabor. Em
quarenta e oito horas este senhor teve de mudar de opinião radicalmente. Num
dia os jovens que lutavam nas ruas contra o aumento das passagens de ônibus
eram escrachados e tratados como filhinhos de papai por Jabor. Não sei de onde
ele tirou a idéia que os mascarados e outros manifestantes eram representantes
da velha esquerda dos anos 50.
Dois dias
depois, tendo seus patrões intuído que as manifestações poderiam ser dirigidas
contra o governo do PT, Jabor passou a tratar esses mesmos jovens como agentes
da transformação, da indignação, quase revolucionários. Disse que os pentelhos
da véspera, e no momento seguinte heróis do inconformismo, estavam dando uma
lição de cidadania.
Não passaram
mais que alguns dias para que os patrões do ex-cineasta se tocassem que aqueles
mascarados não eram domesticáveis e a verborragia apocalíptica de Jabor não
estava ajudando. Mudou-se a estratégia e hoje o que é usado é o escasso
vocabulário de Neubarth e Cia: vândalos, baderneiros, mascarados. Mil vezes ao
dia escutamos: vândalos, baderneiros, mascarados. E um apelo à restauração da
ordem.
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