O ano vai terminando com terminou o
século... XIX. Índios sendo massacrados e expulsos de suas terras,
trabalhadores rurais sendo vítimas dos capitães de mato da PM, dos jagunços e
pistoleiros.
O ano vai terminando como tantos
outros começaram e terminaram. Pobres e favelados, negros e pardos sendo
agredidos e mortos em frente das câmeras de TV. Pobres e favelados, gente sem
teto, sem trabalho, sofrendo humilhações perpetradas por bandidos fardados, que
na impossibilidade de lhes extorquir algo, descarregam sobre eles sua
boçalidade, sua violência.
O ano vai terminando como terminaram
muitos outros, com o orçamento da nação sendo aprovado no apagar das luzes sob
a chantagem dos políticos que querem mais: mais verba para custeio de partidos,
mais verba para alugar carros e comprar passagens aéreas, mais dinheiro para as
emendas parlamentares que em ano eleitoral fazem toda a diferença. Emendas
parlamentares que porão milhões nos cofres das empreiteiras amigas.
O ano vai terminando como todos os
outros, a desigualdade imperando, o latifúndio matando, a polícia torturando,
os políticos roubando o que deveria ser para benefício de todos.
Mais um ano que repete o já visto e
vivido em anos anteriores. As bases dos governos (estaduais, municipais,
federal) barrando tímidas tentativas de
se investigar algo.
Em mais um ano as chuvas, simples
chuvas, irão matar e desalojar famílias. Serão criados gabinetes de
gerenciamento de crises como se as precipitações fossem algo totalmente
desconhecido. E mais alguns milhões serão desviados sem que nada se faça. As
chuvas vão se transformando numa indústria como a seca e a fome.
O ano que termina, sem embargo, deixa
alguns fatos novos para, quem sabe, serem repetidos nos próximos. Gente do
poder, ou dele dependente, foi para a cadeia acompanhada de uma presidente de
banco e um poderoso publicitário. As ruas deram seu recado, confuso, mas audível.
Vamos ver se as urnas farão eco.
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