A estrutura do futebol brasileiro é
podre. Desde sempre foi podre. Desde sua aparição entre nós. O futebol começou
no Brasil como coisa da elite. Manteve enquanto pode seu veio
racista, seu preconceito de classe social. Entre os grandes países futebolistas
da América do Sul foi o último a se profissionalizar.
Já em 1930, no primeiro mundial, uma
briga entre as federações carioca e paulista impediu que mandássemos para o
Uruguai nossos melhores jogadores e apenas os cariocas nos representaram. Havia
sim um rebelde paulista que fez parte do elenco e que depois de retornar foi
punido pela federação de seu estado.
Vieram os tempos áureos. Craques
brotavam feito água, principalmente entre as classes pobres da população, entre
os negros. O público enchia os estádios. Vieram os títulos. Vieram sob a
desconfiança dos dirigentes que não acreditavam no futebol brasileiro, nos
nossos jogadores. Principalmente depois da derrota em 50. Vieram apesar deles.
Depois da vitória na Suécia, o
cartola mor da época, Paulo Machado de Carvalho foi falar com Nilton Santos que
não sabia o que dar aos jogadores. Como não acreditavam na vitória da seleção
brasileira não haviam estipulado nenhum prêmio, nem haviam pensado no assunto.
A estranha numeração que a seleção
usou naquele mundial veio também da desatenção dos dirigentes que mandaram
apenas os nomes dos atletas para a FIFA nas vésperas do torneio. Conta a lenda
que foi um jornalista uruguaio, que
andava pela Suíça naqueles dias, quem passou a numeração para a federação
internacional.
Como nem imaginaram que a seleção brasileira
pudesse ir a final, esqueceram-se de
levar um segundo uniforme que não tivesse as mesmas cores dos anfitriões. Improvisaram
a camisa azul lá mesmo e Paulo Machado de Carvalho, escondendo a própria
incompetência, inventou a história que o azul era a cor do manto de Nossa
Senhora e blá blá blá. Já ouvi dizer também, que levaram a camisa branca, que ficara amaldiçoada depois de 50, como segundo uniforme.
Depois de apodado de “o general da
vitória”, o dirigente relapso virou nome de estádio e recebe, até hoje, da
imprensa e dos cartolas que o sucederam, todas as homenagens.
No entanto, a incompetência dos cartolas
e seus interesses escusos, não conseguiram derrotar o futebol brasileiro. Em
70, fomos campeões quando a CBD era quase um apêndice da ditadura e sob a
direção de Ricardo Teixeira, que disputa com Havelange o título de figura mais
daninha do futebol brasileiro, ganhamos mais duas taças.
Ou seja, a derrota humilhante para a Alemanha e
a conseqüente eliminação da copa desse ano tem de ter outra explicação que não
apenas a podridão e incompetência dos dirigentes.
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