segunda-feira, 7 de julho de 2014

Os mascotes da copa



Não tem mistério: a grande maioria da população pobre do Brasil é negra ou mulata e entre os ricos, quase todos são brancos. A classe média negra, se bem que esteja em crescimento, ainda é pequena. Daí, não ver-se negros nos estádios da copa, mais notadamente nos jogos da seleção brasileira. Os ingressos são caros e nossa  desigualdade social tem cor.
Mas se a questão sócio-econômica explica a cor da platéia que assiste aos jogos, não há o que explique a ausência, quase total, de mascotes negros nas cerimônias de abertura. Ou há?
Quem escolheu a desigualdade baseada na cor da pele, foram as elites brasileiras, foram mais de 300 anos de escravidão. Mas quem escolhe os meninos que acompanham os jogadores na cerimônia que antecede aos jogos da copa? Serão os mesmos que banem os negros de nossa televisão, do nosso cinema, da publicidade? Acho que sim.  
São os mesmos que tentam afastar o negro das universidades, dos cargos públicos de relevância, da entrada principal dos edifícios. São os anti-cotas, os racistas enrustidos que insistem que não há racismo no Brasil. São os mesmos que definem como paranóico quem tente tocar no assunto.

Essa gente que escolheu os mascotes da copa é a negação do Brasil. 

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