Não tem mistério: a grande maioria da
população pobre do Brasil é negra ou mulata e entre os ricos, quase todos são
brancos. A classe média negra, se bem que esteja em crescimento, ainda é
pequena. Daí, não ver-se negros nos estádios da copa, mais notadamente nos
jogos da seleção brasileira. Os ingressos são caros e nossa desigualdade social tem cor.
Mas se a questão sócio-econômica
explica a cor da platéia que assiste aos jogos, não há o que explique a
ausência, quase total, de mascotes negros nas cerimônias de abertura. Ou há?
Quem escolheu a desigualdade baseada
na cor da pele, foram as elites brasileiras, foram mais de 300 anos de
escravidão. Mas quem escolhe os meninos que acompanham os jogadores na
cerimônia que antecede aos jogos da copa? Serão os mesmos que banem os negros
de nossa televisão, do nosso cinema, da publicidade? Acho que sim.
São os mesmos que tentam afastar o
negro das universidades, dos cargos públicos de relevância, da entrada
principal dos edifícios. São os anti-cotas, os racistas enrustidos que insistem
que não há racismo no Brasil. São os mesmos que definem como paranóico quem
tente tocar no assunto.
Essa gente que escolheu os mascotes
da copa é a negação do Brasil.
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