sábado, 18 de outubro de 2014

Muita informação e pouco uso



Há meses que venho lendo um livro sobre história do Brasil. São quatro volumes e eu ainda estou na metade do terceiro. Não que a obra seja enfadonha ou de leitura difícil. Pelo contrário, é obra das mais interessantes. O motivo da demora em terminar o livro é que  ele está no computador, não é livro de papel e eu sou uma presa fácil da internet.
Todo dia faço o mesmo: abro o livro, chego na página em que havia parado e vou dar uma olhadinha no facebbok. Pronto. Me interesso pela nota sobre o seqüestro dos normalistas de Iguala, vou  ver o mapa da região, busco outro jornal para confrontar versões, vou para a wikipedia atrás de alguma biografia e duas horas depois estou lendo uns poemas de Octavio Paz. Sempre a mesma coisa. Há muita informação ao alcance da curiosidade e da ociosidade. E eu, um indisciplinado nato e contumaz, me deixo levar.
Talvez parte dessa indisciplina se deva a que eu seja, como todo mundo de minha geração, creio, um fascinado pela internet e a possibilidade de adquirir  informação instantaneamente. E todo dia tem novidade nesse mundo velho sem porteira. Quem viveu a maior parte de sua vida sem isso sabe do que estou falando. É irresistível.
Mas há algo estranho. Se há tanta informação disponível, por que há tanta ignorância sobre temas corriqueiros, sobre fatos que aconteceram num passado tão recente?
Fala-se da corrupção nos governos petistas como se ela fosse a maior de todos os tempos ou que tivesse nascido junto com a administração do PT. Esqueceram-se das privatizações? Das denúncias? Esqueceram-se do Proer? Já não lembram do 1% do PIB que foi doado ao sistema financeiro?  Da pasta rosa do ACM? Das contas CC5? Da desvalorização de real? Dos bancos que fizeram operações gigantescas na véspera do anúncio da medida?
Nada disso que digo é difícil de ser visto, está tudo na internet. Os jornais da época, as capas de Veja, que a cada semana do governo FHC trazia uma denúncia de corrupção, desvio, superfaturamento e tráfico de influência. Tá tudo lá. De fácil acesso. De mão beijada.


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