Há meses que venho lendo um livro sobre história do Brasil.
São quatro volumes e eu ainda estou na metade do terceiro. Não que a obra seja
enfadonha ou de leitura difícil. Pelo contrário, é obra das mais interessantes.
O motivo da demora em terminar o livro é que ele está no computador, não
é livro de papel e eu sou uma presa fácil da internet.
Todo dia faço o mesmo: abro o livro, chego na página em que havia parado e vou dar uma olhadinha no facebbok. Pronto. Me interesso pela
nota sobre o seqüestro dos normalistas de Iguala, vou ver o mapa da região, busco outro jornal para
confrontar versões, vou para a wikipedia atrás de alguma biografia e duas horas
depois estou lendo uns poemas de Octavio Paz. Sempre a mesma coisa. Há muita
informação ao alcance da curiosidade e da ociosidade. E eu, um indisciplinado
nato e contumaz, me deixo levar.
Talvez parte dessa indisciplina se deva a que eu seja, como
todo mundo de minha geração, creio, um fascinado pela internet e a possibilidade
de adquirir informação instantaneamente. E todo dia tem novidade nesse mundo velho sem porteira. Quem viveu a maior parte de sua vida sem isso sabe do que estou falando. É
irresistível.
Mas há algo estranho. Se há tanta informação disponível, por
que há tanta ignorância sobre temas corriqueiros, sobre fatos que aconteceram
num passado tão recente?
Fala-se da corrupção nos governos petistas como se ela fosse
a maior de todos os tempos ou que tivesse nascido junto com a administração do
PT. Esqueceram-se das privatizações? Das denúncias? Esqueceram-se do Proer? Já
não lembram do 1% do PIB que foi doado ao sistema financeiro? Da pasta rosa do ACM? Das contas CC5? Da
desvalorização de real? Dos bancos que fizeram operações gigantescas na véspera
do anúncio da medida?
Nada disso que digo é difícil de ser visto, está tudo na
internet. Os jornais da época, as capas de Veja, que a cada semana do governo
FHC trazia uma denúncia de corrupção, desvio, superfaturamento e tráfico de
influência. Tá tudo lá. De fácil acesso. De mão beijada.
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