Seu nome era Claudia Lessin
Rodrigues. Era uma moça da classe média carioca e foi assassinada, depois de uma festa
de embalo e tentativa de estupro, por dois rapazes, Michel Frank, filho do
milionário Egon Frank (relógios Mondlane, entre outros negócios), e George
Kour, dono de um salão de cabeleireiro no Hotel Méridien. Seu corpo foi atirado
dos penhascos da Av. Niemeyer, amarado com arames num saco cheio de pedras.
Depois da fuga de Michel para a Suíça e da prisão de George por ocultação de
cadáver, ambos foram inocentados do crime de homicídio.
O caso Cláudia chocou o país naquele
1977. Seus desdobramentos, mais ainda. Por vários meses a imprensa não cuidou
de outra coisa. Cada fato descoberto ou ocultado pela polícia, cada depoimento, cada detalhe do escabroso assassinato, era esmiuçado,
destrinchado e comentado por jornalistas, curiosos e palpiteiros.
O detetive Jamil Warwar, que em 48
horas havia desvendado o crime, foi afastado das investigações, o laudo do
Instituto Carlos Éboli, que dava como causa da morte, asfixia mecânica, foi
ignorado, e mesmo o testemunho de um operário, que vira a desova do cadáver, foi
posto de lado devido às relações do milionário Egon Frank. Michel Frank foi assassinado
na Suíça 12 anos depois.
O assassinato de Cláudia Lessin
Rodrigues virou filme estrelado Por Kátia D’Ângelo.
O assassinato de Cláudia Silva Ferreira,
negra, pobre, auxiliar de serviços gerais, não está merecendo tanta cobertura
jornalística quanto o de sua homônima loura, estudante, da classe média. Sequer
acertam com seu sobrenome. Ainda que a reprodução de sua carteira de identidade,
facilmente encontrado na internet, mostre claramente que é Cláudia Silva
Ferreira, os órgãos da imprensa “séria” e até blogs e sítios informativos feministas,
insistem em confundir seu nome. Cláudia Silva Ferreira é apenas a mulher que
foi arrastada por um camburão.
Nos noticiários de TV, o fato de ela
ter sido assassinada não é mencionado, usa-se o eufemismo “baleada” e dá-se
como fato, uma suposta troca de tiros entre policiais e traficantes. Seu corpo,
possivelmente já sem vida, foi arrastado por, pelo menos, 350 metros depois que
o porta-malas do camburão, onde ela fora jogada, abriu-se. O advogado dos
policiais envolvidos no crime, dá como desculpa para que Cláudia fosse
transportada, supostamente para um hospital, como se fosse bagagem, o fato do
banco traseiro da viatura estar ocupado por armas e coletes a prova de balas. A
imprensa não questiona que as armas e coletes poderiam ter sido postos no
porta-malas, dando lugar a Cláudia na cabine, tendo em vista que os policiais
não se encaminhavam para nenhum confronto e sim para prestar socorro a vitima de
suas balas disparadas a esmo na comunidade onde residia Cláudia.
Esse novo caso Cláudia não vai virar
filme e já vai abandonando o noticiário. Arnaldo Jabor e outros que tais, já tiveram falsos
chiliques em rede nacional e já abusaram das frases de efeito e jogos de
palavras. O laudo do Instituto de Criminalística sequer diz que tipo de
projétil vitimou Cláudia. Os assassinos foram postos em liberdade pela justiça
depois de menos de 3 dias detidos. As testemunhas do crime temem depor. Temor
compreensível, pela soltura dos policiais envolvidos que, antes de matarem
Cláudia, já carregavam nas costas mais de 60 ocorrências que resultaram em
morte.
O assassinato de Cláudia Silva
Ferreira vai cair no esquecimento assim como o de Amarildo e os de tantas
outras vítimas da política de extermínio comandada por governadores e
secretários de segurança, de todos os partidos políticos, em todos os estados
da Federação. E, claro, com a conivência da imprensa, tão seletiva em sua
indignação.
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