As TVs estavam muito ocupadas
mostrando a festa de abertura, chata e cafona, do mundial para dar espaço à
realização de Miguel Nicolelis. Usando um exoesqueleto, um tetraplégico chutou
uma bola de futebol. A façanha da equipe de neurocirurgiões que trabalhou no
projeto “Andar de novo” merecia maior destaque. Devia ter sido vista por
todos, no centro do gramado com os jogadores já formados e após a execução dos
hinos. Mas o que se pode esperar de Blater e sua gente?
Findo o “show" de Cláudia Leite,
Jennifer Lopes e de um sujeito que eu jamais ouvira falar, recuperaram a imagem
do feito e durante 2 ou 3 segundos pudemos ver um passo gigantesco da ciência,
uma conquista da humanidade.
Acho que devemos dar um desconto
tendo em vista que as emissoras de TV não estão preparadas para coisas desse
porte. Sua especialidade em matéria de cobertura jornalística são os casamentos
da realeza européia e a entrega do
Oscar.
Amanhã ou depois, algum apressado
repórter será enviado para entrevistar Nicolelis e fará mais uma estúpida
reportagem carregada de ufanismo e de metáforas futebolísticas.
Depois veio o jogo. Jogo duro e
vitória merecida da Seleção Brasileira.
No segundo tempo, parte da platéia, composta
pelo que há de mais branquinho e classe média de nossa sociedade conservadora e
imbecilizada pelas redes sociais, resolveu xingar a Presidenta Dilma. Não
vaiaram, não apuparam. Usaram do palavrão para ofender a Presidenta que foi
eleita democraticamente e que, segundo as pesquisas, deverá vencer o próximo
pleito e governar o país por mais 4 anos. Outra parte da platéia respondeu,
mostrando que mesmo entre os endinheirados que pagaram uma nota preta para ver
a estréia da Seleção, havia os que apóiam o atual governo ou, pelo menos, sabem
se comportar com um mínimo de respeito e educação.
No afã de mostrarem-se indignados, os
revoltadinhos que xingaram a Presidenta apenas expuseram sua falta de apreço à
democracia.
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