Antes do jogo Itália e Costa Rica,
Cesare Prandelli, o técnico italiano, disse sobre o adversário em forma de
elogio:_A Costa Rica alia a organização européia com a fantasia sul-americana.
Assim como todos nós, o técnico
italiano deve ter ficado surpreendido com a atuação da equipe centro-americana
diante dos atônitos uruguaios. Mas parece que pouco aprendeu da lição dada por
Jorge Pinto e seus comandados.
Mesmo durante o jogo, nossos comentaristas repetiam a
frase que, por ser “elogiosa”, parecia conter alguma verdade. Pois não tinha.
De que organização européia nos fala Prandelli? A de sua equipe cuja única arma
é a inspiração de Pirlo? Da equipe inglesa que tem na bagunça defensiva o sinal
mais óbvio de falta de treinamento? Ou da Espanha, que apanha de qualquer um
que saiba minimamente trocar passes diante de sua imobilidade?
De que organização nos fala Prandelli?
Será que os europeus vão sempre se agarrar a estereótipos geográficos e raciais
para definir o futebol? Que organização se pôde ver no time fraquíssimo da Suíça
que foi goleado pela França? Ou da seleção da Bélgica que chegou despertando
grande interesse e só venceu a pobre Argélia na base do bumba meu boi?
De Portugal, o time de um homem só, é
melhor nem falar. Ou melhor, podemos falar do Mourinho, que antes do jogo dos
costarriquenhos contra os italianos vaticinou que o time de Jorge Pinto não
repetiria a boa atuação que tivera diante dos uruguaios e cravou 3 pontos e
classificação para a Itália.
Futebol organizado se viu na Costa
Rica, no México, no Chile. Mesmo assistindo pela TV, que por ter de perseguir a
bola priva o telespectador do conjunto, nota-se claramente um plano de jogo,
uma organização tática, nesses times.
Comentários como esse de Prandelli, são
sempre ouvidos de técnicos e jogadores europeus e repetidos por nossos comentaristas
esportivos, cada dia mais xenófilos, como se fossem valiosos ensinamentos. E
são apenas estereótipos, preconceitos, equívoca noção de superioridade
intelectual.
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