Sempre acho alguma coisa interessante. As redes sociais não
são apenas fotos de bichinhos fofos e frases de auto-ajuda atribuídas à
Clarisse Lispector.
Desta vez encontrei umas fotos antigas de pessoas comuns em
situações pouco comuns. As fotos digitalizadas pareciam ter sido tiradas ontem.
Numa delas, uma mulher, que a legenda nos diz ser Kathrine Switzer, é segura por
alguns homens. Kathrine tem roupas de corrida e um número no peito. É uma
maratonista. Os homens que tentam contê-la também têm números no peito e usam
calções. A legenda informa que são organizadores da prova, mas claramente são
competidores. E por que tentam conter a colega maratonista? Porque naquela
maratona ocorrida em Boston em 1967 não era permitida a participação de
mulheres. A legenda não explica como a corredora conseguiu o número de
inscrição que levava no peito, mas conta que Kathrine resistiu aos que tentaram
impedi-la e terminou a prova.
Pois é, em 1967 em Boston, na Nova Inglaterra, nos EE.UU
mulheres não podiam participar de uma maratona.
Doze anos antes de Kathrine ser fotografada rompendo a regra
machista da maratona de Boston, Rosa Parks fazia história ao se recusar a ceder
seu lugar no ônibus para um homem branco. Rosa foi presa e autuada por
questionar a lei racista que impunha a segregação.
Historicamente falando, esses são fatos recentes, embora
sejam do século passado.
Fico pensando que dois anos depois da atleta ter enfrentado
outros corredores para disputar uma simples prova de rua, o homem pisou na lua
e que foi por esses idos que Portugal intensificou a repressão nas “suas
colônias” d’alem mar. A guerra do Vietnam era mostrada pela TV e se ouvia a voz
de Mirian Makeba combatendo com canções o apartheid.
Também me vem à mente que dez anos antes de Rosa Parks ter-se revoltado contra a lei segregacionista, os americanos estavam lutando na Europa contra o regime racista de Hitler e que em suas tropas havia batalhões só de negros comandados, é claro, por oficiais brancos.
Também me vem à mente que dez anos antes de Rosa Parks ter-se revoltado contra a lei segregacionista, os americanos estavam lutando na Europa contra o regime racista de Hitler e que em suas tropas havia batalhões só de negros comandados, é claro, por oficiais brancos.
A foto de Kathrine Switzer, me fez lembrar também de coisas mais recentes como o caso das duas
mulheres que foram
presas na Arábia Saudita por dirigirem automóveis e pelo crime serão julgadas num tribunal de exceção. Um tribunal
instituído para julgar terroristas. Quarenta e oito anos depois da maratona de Boston.
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