Estava em curso uma greve de caminhoneiros que começou em
Santa Catarina e já se alastrava pelo país. O governo tenta costurar um acordo
com os grevistas, mas acho que o buraco é mais embaixo. Afinal, uma greve que
deveria ser dirigida contra os patrões, que ficam com a parte do leão nos
fretes, deixando a cargo dos motoristas os pedágios e o diesel, era dirigida
contra o governo.
Toda vez que escuto falar em greve de caminhoneiros lembro-me
do Chile de Allende. Lá, devido à configuração geográfica do país, foi fácil
paralisar as estradas e provocar o desabastecimento nas cidades. Com isso, muitos
setores da sociedade chilena que se mantinham em posição de neutralidade com
relação ao governo socialista passaram a engrossar as fileiras dos golpistas. Deu
no que deu: uma das ditaduras mais sangrentas da história do continente.
Na Venezuela, Maduro, por quem não ponho a mão no fogo, vem
sendo fritado menos por seus erros do que pelos acertos de Chaves. Lá também é
o desabastecimento que alimenta o ódio daqueles que sempre odiaram a Revolução
Bolivariana e descontenta àqueles que a apoiavam.
Não sei se é manipulação dos meios de comunicação de direita,
mas quase todas as fotos dos caminhoneiros grevistas que vi, mostravam cartazes
com os dizeres “fora Dilma”. Ora, não são os desacertos da economia nem a
política de austeridade imposta pelo ministro conservador que a comanda que
podem servir de motivo para tão obtusa palavra de ordem. Quem quer o PT fora do
governo terá a oportunidade de tirá-lo de lá em 2018. Ou é assim ou é golpe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário