quarta-feira, 11 de maio de 2016

Maranhão e suas doze horas de herói





            Primeiro foram os paneleiros com seus cartazes "somos milhões de Cunhas" e outras barbaridades. Depois foi a vez dos governistas pirarem.
            Já tinha gente nas redes sociais cantando loas para Waldir Maranhão. Falavam de sua coragem por ter votado contra o impeachment da Presidenta Dilma. Ignoravam, claro, que naquele voto não havia nada de coragem, mas apenas barganha política: Maranhão trocou seu voto por apoio petista para sua candidatura ao senado. Imagino que nem todos tiveram acesso a essa informação pouco noticiada, mas todos sabiam da extensa capivara do deputado que é réu em duas ações no STF por ocultação de bens e lavagem de dinheiro além de ter sido citado nominalmente na operação Lava-jato como recebedor de propina mensal. Contra ele também corre processo ajuizado pelo Ministério Público Eleitoral do Maranhão por capitação ilícita de recursos de campanha. Suas contas de campanha foram rejeitadas pelo TRE do Maranhão em 2010. Maranhão já teve veículo de luxo apreendido para honrar dívida com uma gráfica. Nesse episódio, o deputado fez um acordo de pagamento e descumpriu. Quando a justiça foi atrás de algum recurso para bloquear nada encontrou no sistema bancário em seu nome. Há mais, muito mais.          
            Também é público que Maranhão ocupa a secretaria da Câmara por obra e graça de Cunha a quem tratou de mostrar gratidão no Conselho de Ética, restringindo o foco das investigações à questão das contas suíças. Ainda assim, quando anulou a sessão da Câmara que votou pela abertura do processo de impeachment da presidenta, foi aclamado pelos petista. Chamaram-no de verdadeiro democrata, de cabra macho, de patriota. Na noite de segunda-feira, militantes e simpatizantes do PT foram para as ruas saudar seu novo herói.
            Mas a festa durou pouco. Menos de 12 horas depois de ter assinado o documento que invalidava a sessão circense da Câmara e que este fosse publicado no diário oficial da casa, Maranhão voltou atrás e em novo documento desfez o que não fizera. Não sei se a notícia do recuo de Maranhão alcançou os que festejavam na Avenida Paulista e em outros locais país a fora. Se isso aconteceu, deve ter sido engraçado.
            Hoje, as opiniões dos petistas sobre Maranhão já não são as de 48 horas atrás. Chamam-no de covarde, traidor e falam das pressões que sofreu dos golpistas. Talvez agora se lembrem de sua ficha suja, dos processos a que responde, das irregularidades de que é acusado. Não creio que aprendam algo com o episódio, afinal nem o mensalão serviu de lição para o PT e seus militantes.
            Falar da coragem ou da covardia de Maranhão é só mais um equívoco que cometem os petistas. Maranhão é um oportunista profissional, nada mais. Já foi secretário de Roseana Sarney e hoje é aliado de Flávio Dino, inimigo figadal dos Sarney. Para ele é tão fácil mudar de posição como mudar de camisa.
            Muitos dos problemas que o PT enfrenta agora são advindos das alianças espúrias que pactuou desde que chegou ao poder. Mas eles seguem na mesma toada buscando apoio no lixo da política brasileira Comprar políticos também não se mostrou um bom negócio para o partido como bem demonstrou o caso do mensalão, mas eles não aprendem. Não aprendem mesmo.
         
         

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