Eu não entendo nada de economia,
ou melhor, o que entendo de economia é que o feijão está caro pra burro, o
açúcar até que baixou do ano passado pra cá e o arroz anda com preços decentes.
O grande problema é o tomate que ultrapassou os 5 reais o quilo. Adeus
macarronada.
A energia elétrica que
consumimos, é das mais caras do mundo, assim como o telefone e o acesso à
internet. Na Argentina a conta de luz é bimestral e lá, paga-se por dois meses
de consumo o mesmo que pagamos aqui em um mês. Por que? Não sei.
Tampouco entendo o preço da
gasolina, pois mesmo que estejamos importando derivados, nossos preços são muito superiores
aos praticados em outros países que fazem o mesmo, como a Argentina.
Economistas, que na oposição gritavam contra
esse estado de coisas, agora, no poder, nos dão explicações singelas para o
fato. Explicações singelas demais.
Outros, que antes geriam as
finanças públicas, se mostram indignados na oposição. Mexe e vira, vemos nos
jornais da Globo News, Maílsons e Loyolas afetando grande preocupação pela
gestão do governo atual no que tange à macro-economia. Claro que na telinha dos
Marinho só aprece na legenda que esses senhores são economistas mas não falam
dos interesses que representam por serem diretores de empresas, conselheiros de
multinacionais ou, simplesmente, especuladores.
Do lado do poder, vejo, atônito,
pessoas que antes pugnavam pelas privatizações do governo de FHC, avaliarem
toda e qualquer medida do governo como positiva e coerente. Estarão certos? Não
sei, mas coerentes não.
Quanto à nossa política monetária,
nossa reservas cambiais, nosso superávit primário, eu não manjo nada. Sei sim,
que me causa grande antipatia ver o Ministro Mantega, com suas mãozinhas
delicadas, seu sotaque ítalo-gay e sua voz de falsete, ir à televisão e
anunciar um aumento absurdo no preço do cigarro e, cinicamente, dizer que
ninguém iria reclamar disso. Refere-se, creio, a questões de saúde. Mas o
Ministro Mantega não é ministro da saúde e me causa espanto ver a sanha
arrecadadora querer posar de Dr. Kildare.
Existe na economia algumas coisas realmente
incompreensíveis para mim. Refiro-me às taxas de juros. Bastou a Presidenta
ordenar que as instituições financeiras estatais baixassem as taxas da
agiotagem, para que tivéssemos uma baixa generalizada, ainda que a contra gosto
dos usurários do sistema bancário privado. Então era só isso? Uma canetada
presidencial e o problema está resolvido?
Então por que não fizeram antes? E por que não baixam mais? Claro que
não faltaram as críticas contra a medida. Nos tele-jornais, jornalistas
econômicos, Maílsons e Loyolas franziram os sobrolhos e tentaram fazer sombrios
prognósticos sobre a medida. Seus patrões banqueiros, puseram em suas bocas uma
série de argumentos que mais pareciam os documentários sobre o fim do mundo que
passam no canal Discovery.
Dado à minha falta de
conhecimento na matéria, prefiro não dar opiniões sobre o desempenho do governo
no gerenciamento da economia. Mas não tenho de suportar um Ministro que faz
subir o preço do cigarro entre risotas, nem posso pretender fazer minha
macarronada com os tomates custando mais de 5 reais. A sazonalidade explica os
tomates, a insensibilidade explica o Ministro.
Pensar que alguém vá deixar de
fumar devido aos altos preços do cigarro é de uma cretinice sem fim. Eu não
creio que Mantega seja um cretino, acho que o aumento extorsivo do tabaco tem
como meta engordar a arrecadação esfolando milhões de brasileiros. O cigarro é
o produto sobre o qual mais incidem impostos.
Parece-me que a lógica econômica
do Ministro Mantega, é aproveitar-se do acesso ao consumo que muitas famílias
tiveram, e esfola-las com impostos sobre produtos de seu uso cotidiano. Por que
não aumentar impostos sobre produtos de luxo importados? Porque isso
representaria pouco volume de arrecadação tendo em vista o pequeno número de
milionários comparando-se ao imenso contingente de pessoas que vivem nas
classes inferiores. O aumento no preço dos cigarros, que não voltará atrás como
o do sazonal tomate, faz estragos no orçamento doméstico dos pobres. Seria mais
justo extrair mais impostos no caviar, nos automóveis de luxo, no uísque
nacional da Escócia. Mais quem falou que economia é para fazer justiça?
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