quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Mentor volta ao ringue


                Em meio a um dos escândalos de corrupção que aconteceram no país, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu a criação da CPI das empreiteiras. Estou certo que você dirá:_ Vai ser impreciso assim na puta que o pariu. Eu entendo seu reproche, afinal os escândalos de corrupção não deixaram de acontecer desde que Cabral por aqui chegou com suas naus, piorou com a vinda de D. João VI e vem se tornando coisa de todo dia com o passar dos anos.
                E tem também a idade do velho senador, que poderia jogar esse fato que trato para tempos remotíssimos. Pedro Simon  pertence aos móveis e utensílios de Brasília. Aliás, quando a capital foi inaugurada, ele já estava lá, sorvendo seu chimarrão e destruindo microfones com seus gestos largos como sua pampa natal.
                Assim que, para ser um pouco mais preciso, digo que Simon pediu a criação da CPI das empreiteiras na década passada. Ninguém lhe deu ouvidos. Todos os grandes partidos saíram assoviando fingindo-se distraídos. Oposição e situação saíram assoviando um sucesso do É o tchan e foram tratar de suas vidas pouco republicanas.
                Mesmo sabendo que, em sua grande maioria, as CPIs não passam de farsa demagógica e eleitoreira, os partidões não quiseram mexer no vespeiro das empreiteiras, seus financiamentos de campanha, seus contratos nas grandes obras do governo. Até as pedras sabem que qualquer investigação, por mais amadora que  fosse, encontraria nos negócios dessas empresas uma cavalariça de Augias. Deixou-se pra lá a proposição do velho senador e vida que segue.
                Sem embargo, outra CPI que poderia causar grande estrago na reputação de notáveis da pátria foi instalada no decorrer de uma investigação de corrupção. Antes que você perca a paciência com minhas imprecisões, já vou dizendo que isso também aconteceu na década passada, no começo do governo Lula. Foi a CPMI do Banestado que acabou tendo como mote principal a remessa ilegal de divisas para o exterior. Seu relator foi o deputado José mentor (PT-SP).
                Ao ler a expressão “remessa ilegal de divisas para o exterior” em quem você pensa? Pois é. Basta pensar no assunto que sua risonha figura nos vem à mente, seu inconfundível sotaque nos chega aos ouvidos. Lembramos de seus ditos imorredouros e até de seu marqueteiro preferido que o ajudou a limpar a barra junto ao eleitorado feminino depois daquela tirada lapidar que já faz parte do folclore político do país.
                Mas na CPMI do Banestado, seu nome não aparece no relatório final de Mentor. Simplesmente não aparece. Não porque nomes não fossem citados. Houve até a citação do deputado catarinense Leonel Pavan para informar que ele nada tinha a ver com o caso. Isso mesmo, o relatório de Mentor esqueceu-se de citar nossos nomes, afinal, assim como Leonel Pavan, também nada temos a ver com o negócio de mandar dinheiro mal havido para a gringa. O porquê do nome de Pavan ter aparecido e não o seu ou o meu é um desses mistérios pouco misteriosos da nossa sereníssima república.
                Há que lembrar que naqueles tempos, o governo andava atrás de alianças e apoios e não convinha involucrar liderança tão expressiva como a do risonho político de sotaque inconfundível, num negócio tão cabeludo. Por isso foi escolhido a dedo uma mediocridade como o deputado José Mentor para relatar a comissão parlamentar mista que assim nascia com morte decretada, destinada a não dar em nada como tantas outras que tocam em interesses e práticas dos poderosos.
                Passados os anos, vem agora o deputado Mentor buscar os holofotes com um projeto que pretende proibir a transmissão por televisão de lutas de MMA. O deputado diz que as lutas ajudam a aumentar a violência entre os jovens. Mentor nada diz sobre educação, cultura, arte, oportunidade de emprego e outras coisas que poderiam afastar os jovens da violência. Ele fala de lutas na TV.
                Mentor teve uma ótima oportunidade de cunhar seu nome na CPMI do Banestado e perdeu. Preferiu ser pau mandado de interesses menores do governo e de seu partido. Agora ele vê a chance de pegar carona no sucesso do esporte que mais tem crescido nos últimos tempos, proibindo sua transmissão pela TV. José Mentor está esperando que passe outro cavalo encilhado.


             



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