Em meio a um dos escândalos de
corrupção que aconteceram no país, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu a
criação da CPI das empreiteiras. Estou certo que você dirá:_ Vai ser impreciso
assim na puta que o pariu. Eu entendo seu reproche, afinal os escândalos de
corrupção não deixaram de acontecer desde que Cabral por aqui chegou com suas
naus, piorou com a vinda de D. João VI e vem se tornando coisa de todo dia com
o passar dos anos.
E tem também a idade do velho senador,
que poderia jogar esse fato que trato para tempos remotíssimos. Pedro Simon pertence aos móveis e utensílios de Brasília. Aliás, quando a capital foi
inaugurada, ele já estava lá, sorvendo seu chimarrão e destruindo microfones com
seus gestos largos como sua pampa natal.
Assim que, para ser um pouco mais
preciso, digo que Simon pediu a criação da CPI das empreiteiras na década
passada. Ninguém lhe deu ouvidos. Todos os grandes partidos saíram assoviando
fingindo-se distraídos. Oposição e situação saíram assoviando um sucesso do É o
tchan e foram tratar de suas vidas pouco republicanas.
Mesmo sabendo que, em sua grande
maioria, as CPIs não passam de farsa demagógica e eleitoreira, os partidões não
quiseram mexer no vespeiro das empreiteiras, seus financiamentos de campanha,
seus contratos nas grandes obras do governo. Até as pedras sabem que qualquer
investigação, por mais amadora que fosse, encontraria nos negócios dessas
empresas uma cavalariça de Augias. Deixou-se pra lá a proposição do velho
senador e vida que segue.
Sem embargo, outra CPI que poderia
causar grande estrago na reputação de notáveis da pátria foi instalada no
decorrer de uma investigação de corrupção. Antes que você perca a paciência com
minhas imprecisões, já vou dizendo que isso também aconteceu na década passada,
no começo do governo Lula. Foi a CPMI do Banestado que acabou tendo como mote
principal a remessa ilegal de divisas para o exterior. Seu relator foi o
deputado José mentor (PT-SP).
Ao ler a expressão “remessa ilegal
de divisas para o exterior” em quem você pensa? Pois é. Basta pensar no assunto
que sua risonha figura nos vem à mente, seu inconfundível sotaque nos chega aos
ouvidos. Lembramos de seus ditos imorredouros e até de seu marqueteiro
preferido que o ajudou a limpar a barra junto ao eleitorado feminino depois
daquela tirada lapidar que já faz parte do folclore político do país.
Mas na CPMI do Banestado, seu nome
não aparece no relatório final de Mentor. Simplesmente não aparece. Não porque
nomes não fossem citados. Houve até a citação do deputado catarinense Leonel
Pavan para informar que ele nada tinha a ver com o caso. Isso mesmo, o
relatório de Mentor esqueceu-se de citar nossos nomes, afinal, assim como
Leonel Pavan, também nada temos a ver com o negócio de mandar dinheiro mal
havido para a gringa. O porquê do nome de Pavan ter aparecido e não o seu ou o
meu é um desses mistérios pouco misteriosos da nossa sereníssima república.
Há que lembrar que naqueles tempos,
o governo andava atrás de alianças e apoios e não convinha involucrar liderança
tão expressiva como a do risonho político de sotaque inconfundível, num negócio
tão cabeludo. Por isso foi escolhido a dedo uma mediocridade como o deputado
José Mentor para relatar a comissão parlamentar mista que assim nascia com
morte decretada, destinada a não dar em nada como tantas outras que tocam em
interesses e práticas dos poderosos.
Passados os anos, vem agora o
deputado Mentor buscar os holofotes com um projeto que pretende proibir a
transmissão por televisão de lutas de MMA. O deputado diz que as lutas ajudam a
aumentar a violência entre os jovens. Mentor nada diz sobre educação, cultura, arte,
oportunidade de emprego e outras coisas que poderiam afastar os jovens da violência.
Ele fala de lutas na TV.
Mentor teve uma ótima oportunidade
de cunhar seu nome na CPMI do Banestado e perdeu. Preferiu ser pau mandado de
interesses menores do governo e de seu partido. Agora ele vê a chance de pegar carona
no sucesso do esporte que mais tem crescido nos últimos tempos, proibindo sua
transmissão pela TV. José Mentor está esperando que passe outro cavalo encilhado.
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