quarta-feira, 4 de julho de 2012

Descobertas







Descobri um blog interessantíssimo. Pena que minha descoberta venha com  quase uma década de atraso.  O blog tem mais de 1500 membros e quase 5 milhões de visualizações. Já me aconteceu outras vezes; descobrir coisas que todos já sabiam. Não faz nem 5 anos que me dei conta de como é bonita a voz de Monarco e fiquei fã de Luis Carlos da Vila apenas poucos anos antes de sua morte. Paciência.
No caso do blog, ando contentíssimo com a “novidade”. Trata-se do “Conteúdo livre”. Lá encontrei os caras que sempre gostei de ler e que são o melhor exemplo de como escrever crônicas. Gosto de gênero desde a adolescência ou antes dela. No meu livro de português do ginásio, “Português através de textos” de Magda Soares, conheci Ruben Braga e o Drummond cronista antes de conhecer o Drummond poeta.  No “Conteúdo livre” reencontrei os craques Cony, Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro e também fiz “descobertas”.
Caetano Veloso tem ótimas tiradas e Fernanda Torres, de quem só encontrei um texto, me pareceu divina, escrevendo. Nesse caso, não sei se a paixão que nutro pela atriz interferiu no julgamento, acho que não. Tem também o Rui Castro de quem eu já lera alguns livros e crônicas mas antipatizava bastante com ele devido a algumas entrevistas que concedeu. Creio que é seu flamenguismo e ipanemismo exacerbado o que me incomoda no autor de “Estrela solitária”. Mas deixa pra lá.
Uma das crônicas do Rui Castro que me chamou a atenção tinha por título “Farejando Watergate”. Ele nos conta que trabalhou na “Manchete” com um cara que sabia tudo. O R. Magalhães Jr.
O acadêmico, além de ter ampla cultura, era homem antenado e de memória invulgar. Num determinado momento do convívio profissional de ambos, surgiu na redação da revista uma dúvida sobre o tema de Watergate. Rui Castro foi perguntar a R. Magalhães Jr, a quem sempre recorria, sobre o assunto que todos pareciam desconhecer. O homem ficou embatucado e segundo Rui Castro, também Art Buchwald, de quem traduzia as crônicas para a revista e suscitara o tema, não tinha uma noção muito precisa de que se tratava mas farejara ali algum rato, segundo expressão do cronista brasileiro.
Em outro texto, desta vez assinado pelo bamba Carlos Heitor Cony, há uma interessante história sobre a posse de Tancredo Neves. 
Na véspera do histórico dia, Cony trabalhava no lançamento de uma nova publicação das empresas Bloch. Toda a equipe já estava em Brasília para a cobertura da posse. Lá pelas 3 da tarde, Cony recebe um telefonema informando-lhe que não haveria posse. O telefonema feminino era anônimo. Cony alertou seu chefe da sucursal em Brasília, Alexandre Garcia e este lhe garantiu que tudo ia em ordem e que Cony estava mal informado como sempre. Bem, o resto é história.
Esses dois exemplos nos dão uma amostra de como o jornalismo brasileiro pode se parecer comigo; faz descobertas com incrível atraso. Mesmo hoje, com o advento da internet, jornalistas e afins continuam pagando micos e barrigas.
Outro dia lendo nesse mesmo blog que descobri recentemente, a coluna de Élio Gaspari fui surpreendido por dois fatos. Em primeiro lugar não supunha que alguém da estirpe de Gaspari fosse apoiar o golpe no Paraguai utilizando argumentos tão frágeis. E se isso fora pouco, o fez desconhecendo que o Wikileaks já divulgara informações secretas do governo americano dando conta de que este já sabia da preparação do golpe desde 2009. Gaspari, em seu artigo, elogiava justamente a postura da diplomacia americana no episódio chamando-a de profissional e comparando-a com a nossa que, segundo o jornalista, estava se metendo numa estudantada.
 Segundo descobri ontem, a correspondência secreta trocada entre diplomatas americanos lotados no Paraguai e o Departamento de Estado, foi publicada no Wikileaks em 30 de agosto de 2011. Parece que Gaspari e eu precisamos fazer nossas descobertas um pouco mais cedo.





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