quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os torcedores Suelen e Diego







Suelen e Diego se amam e amam e mesmo time. Sempre que podem vão ao estádio do Botafogo, juntos. Esse mês Suelen recebeu o salário primeiro e combinou com Diego a ida ao jogo contra o Bahia. Antes do jogo seria apresentado à torcida a grande contratação do clube para a seqüência do campeonato. Fizeram as contas: 60 reais para as entradas, (se conseguissem as poucas entradas mais baratas) 20 para a cervejinha, 12 para o trem, total 92 reais. Ou 132 se tivessem que comprar as entradas mais caras. A brincadeira estava ficando muito salgada.
O casal também tem em comum, além do amor ao alvinegro, a paixão pelo samba, e uma feijoada na quadra da escola regada a partido alto, sai por !5 pratas o prato e só os homens pagam ingresso. Come-se bem, ouve-se música da melhor qualili e são muito mais horas de diversão. Naquele fim de semana Suelen e Diego preferiram cair no samba. Gastariam menos na escola.. Pegaram o trem pro outro lado.
Diego constatou que o partido alto continua poderoso no Rio, gente versejando que é uma beleza. Suelen disse no pé a tarde toda.
A diretoria do Botafogo parece que não se deu conta que seu estádio está junto à via férrea. Até a estação de trens mudou de nome e agora incorpora o nome do estádio. Os comboios dos ramais de Deodoro, Santa Cruz e Japeri param na sua porta. Talvez os dirigentes do clube tenham comprado o discurso da imprensa esportiva carioca que vive dizendo que o estádio do Botafogo não “pegou” por que é longe. Longe de quem, cara pálida? As vias que estão praticamente dentro do estádio podem trazer gente de populosos bairros cariocas e até de Nova Iguaçu, cidade de mais de 800 mil habitantes. O lebloncentrismo da crônica especializada não sei em que, é que não pode ver isso. Assim como o Maracanã, o estádio botafoguense pode usufruir desse enorme público que só não enche essa praça esportiva devido ao preço dos ingressos.
Os dirigentes do Botafogo, assim como os dirigentes de todos os clubes, por mais populares que sejam, não estão dando bola para os fiéis torcedores, que no Brasil provêem das classes menos favorecidas. Os preços dos ingressos no estádio do alvinegro provam isso; 30 reais, uma pequena parcela dos assentos e 50 reais o resto. No clássico contra o Fluminense foi mais caro.
Os fatos não bastam para mostrar que tal tabela de preços é um absurdo. Quer um exemplo? _ Depois de ir ao sul do país e derrotar o Internacional de maneira brilhante, o Botafogo mandou o jogo seguinte contra a Ponte Preta. O público foi de 6 mil pagantes num estádio que comporta quase 47 mil pessoas. Não é que não houvesse interesse pelo jogo; o time é bom, teve o melhor ataque do campeonato carioca, vinha bem na tabela. O problema é o valor do ingresso. Para o gigantesco público potencial que o clube tem a sua disposição, o ingresso é caro.
Os que podem pagar entradas de 50 reais toda semana, também dispõem de outras opções de entretenimento pelo mesmo valor. Para os que vivem na zona sul da cidade o Engenho de Dentro é longe embora se possa ir de metrô até a Central e lá tomar o trem sem sequer atravessar uma rua. Mas essa gente só gosta de  andar em veículo próprio e não gosta de misturar-se com quem anda de trem. Por isso reclama que é longe e de ter de usar GPS depois do túnel novo.
No clássico do último fim de semana as duas torcidas levaram juntas 17 mil espectadores ao estádio botafoguense. Se os outros 30 mil lugares que ficaram vagos fossem vendidos a 10 reais, a renda do jogo seria acrescida em 300 mil reais. Nada mal para um clube que assumiu um contrato de 18 milhões com seu novo atleta e que recebe da televisão menos da metade do que recebem Flamengo e Corinthians.
Na véspera do jogo contra o tricolor, Diego fez um biscate. Ralou todo o sábado mas arrumou oitentinha e um cara que trabalhou com ele lhe deu uma dica: _No Méier tem uma churrascaria que para competir com o jogo, faz promoção no rodízio, 30 reais por pessoa e criança com menos de 7 anos não paga. E o melhor é que tem telão, dá pra ver o jogo enquanto as picanhas vão desfilando.
Diego propôs e Suelen topou. Levaram o Júnior. Depois de mandar uma grande quantidade de carnes pra dentro. Diego saiu da churrascaria pensando que o Andrezinho  jogava muito e que a Suelen dentro daquele vestidinho, estava batendo um bolão.







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