sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A lógica do senhor Klein







Na história recente do país, tivemos candidatos muito ruins que saíram vencedores nos mais diversos pleitos. O melhor exemplo é Fernando Collor de Merda que chegou à Presidência em cima de um discurso barato e pose de galã de novela mexicana. Durou pouco seu desgoverno mas ainda causa perplexidade sua eleição.
Enéas também mereceu muitos votos, milhões deles, quando se candidatou ao mais alto cargo da República. Sem contar que muitos candidatos derrotados conseguiram angariar os votos de eleitores incautos que neles votaram sem saber bem por que motivo.
Roberto Jéferson, réu do mensalão, saiu de um programa popularesco de TV e chegou à presidência de uma casa de tolerância com sigla partidária. Do mesmo programa, saiu Wagner Montes que se tornou figura de proa do PDT fluminense. A bola da vez é Celso Russomanno.
Eu defendo esquálida tese de que o apresentador de TV é apenas um balão de ensaio da Igreja Universal visando às eleições presidenciais de 2014. Testam-se estratégias. A campanha do candidato do PRB à prefeitura paulistana é comandada por um pastor da igreja que se licenciou do lucrativo ministério para isso.
Liderando as pesquisas de intenção de votos, a campanha de Russomanno ganhou força própria e a Igreja Universal está muito próxima de comandar politicamente a maior cidade do país. Creio que nem mesmo eles esperassem tão bom desempenho do candidato apresentador. O certo é que os adversários de Russomanno, não.
Serra e Haddad se prepararam para trocar chumbo grosso entre si e, atônitos, assistiram o crescimento da candidatura do homem da Universal sem sequer aperta-lo no que ele tem de mais vulnerável: a ausência de idéias e programa de governo.
Só agora o confrontam com a realidade e Russomanno quando abordou a questão do transporte público da cidade logo expôs sua incapacidade e desconhecimento. Russomanno falou que quem anda mais de ônibus deve pagar mais.
Se a proposta do candidato afronta o bom senso, seja ele o da justiça social ou o da disputa eleitoral, isso se dá pelo seu despreparo político e intelectual. Mas o que me causou graça no episódio foi o que escreveu Cristian Klein para o Valor Econômico de 04/10.
Dizia o articulista que a proposta de Russomanno era “aparentemente lógica, mas perigosa eleitoralmente”.
Ora bolas, como assim “aparentemente lógica”? O normal, o lógico dentro de espírito capitalista é que quem consome mais um produto ou serviço pague menos por ele. Se eu tenho dois filhos na escola particular receberei um desconto na matrícula do terceiro. Se eu mando fazer 100 cartões de visita está claro que o preço por unidade baixará se eu mandar imprimir 500. No supermercado um pacote de café de meio quilo sai mais barato que 2 de 250 gramas.
Seria lógico que quem mais utilize o buzão pague menos por passagem. Além do mais, os moradores da periferia, que são os que mais utilizam o transporte público, não o fazem para visitar amigos ou ir ao futebol. Eles andam em dois ou três transportes em cada viagem para trabalhar, para produzir riquezas para outros.
A direita tradicional e liberal, sempre trata de esconder suas verdadeiras intenções quando dessas questões se trata. Uma vez instalada no poder promove seus despautérios e dá aumento de passagens para as empresas de transporte público que são fortes doadoras de campanha. Nessa Russomanno claudicou e perdeu vários pontos nas pesquisas de intenções de votos. Uma lição para 2014.
Outra lição? Não crer na lógica do senhor Klein.




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